Cidade com a maior população do Estado de Santa Catarina – cerca de 615 mil habitantes, de acordo com o Censo de 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – Joinville recebeu, de 3 a 5 deste mês, a primeira edição do Joinville Matsuri. Realizado pela Aliança Cultural Brasil-Japão de Joinville (ACBJJ), Fansc – Federação das Associações Nikkey de Santa Catarina e Tasa Eventos, com apoio da Prefeitura Municipal de Joinville; Joinville e Região Convention & Visitors Bureau e Fundação Japão, o festival japonês proporcionou ao público de Joinville uma verdade imersão na cultura nipônica com uma programação intensa e diversificada.
Solidário, o Joinville Matsuri arrecadou cerca de 4 toneladas de produtos entre materiais de limpeza e higiene e alimentos não perecíveis às vítimas das chuvas do Rio Grande do Sul. A carga foi transportada na segunda-feira (6) pelo Corpo de Bombeiros de Joinville.
Durante três dias, o evento contou com uma praça de alimentação – com pratos das cozinhas japonesa, coreana, brasileira e coreana – e atrações culturais, como shows com cantores renomados da comunidade japonesa – com destaques para Joe Hirata, Karen Ito, Diogo Miyahara e Sergio Tanigawa – danças folclóricas, apresentação de taiko, exposições, bazaristas e oficinas de origami, ikebana, cerâmica e kirigami.
Cada vez mais presentes nos matsuris (festivais japoneses), os jovens – em sua grande maioria não descendentes de japoneses – também tiveram espaço no Joinville Matsuri com uma programação voltada exclusivamente para esse público, com concurso cosplay e shows com a Banda Otaku’s e o cantor Diogo Miyahara.
Em terra de alemães… – Os números finais comprovam o sucesso desta primeira edição. No total, 21 mil pessoas passaram pelo Expocentro Edmundo Doubrawa. Como frisou na cerimônia de abertura a gerente de turismo da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Joinville, Vanessa Falk: “Em terra de alemães, evento da cultura japonesa também dá certo!”.
“A cidade está de braços abertos para que o evento Matsuri aconteça todos os anos porque a cidade gosta de eventos populares, eventos abertos, eventos que valorizam a cultura. E, além de ser um evento cultural, que resgata e valoriza a cultura japonesa, o Joinville Matsuri é um evento que traz geração de turismo, desenvolvimento econômico e movimento a nossa cidade. E Joinville é uma cidade de movimento, uma cidade feita para as pessoas”, destacou Vanessa.
Ao jornal Nippon Já, a gerente de Turismo ressaltou que “temos que valorizar a cultura japonesa em Joinville, porque o japonês também faz parte do desenvolvimento da nossa cidade”. “Com esse evento estamos desenvolvendo também o setor de turismo de Joinville, movimentando a cidade, o trade turístico, a hotelaria, gerando, assim, renda e desenvolvimento econômico para cidade. Além disso, é um evento que agrega valores da cultura japonesa. Você aqui pessoas de todas as idades, jovens, adultos e idosos, numa mistura de gêneros e idades convivendo em perfeita harmonia e em um clima familiar”, disse Vanessa.
Vanessa, Takao, Diego, cônsul, Mario Sato, Sasao Gaku (FJ)
Irmãos gaúchos – Um clima de emoção tomou conta do presidente da ACBJJ, Diego Taira quando ele explicou que todo alimento arrecadado na entrada de forma solidária e espontânea seriam doados ao Estado do Rio Grande do Sul, “nossos irmãos gaúchos, que estão passando por uma fase muito difícil”.
Ele lembrou que a ACBJJ vem atuando há 30 anos na divulgação e preservação da cultura japonesa em Joinville. “Tinha certeza de que a população de Joinville abraçaria o nosso festival como abraçou”, disse Diego Taira, que convidou o público “a vivenciar o festival e prestigiar cada artista que pisar nesse palco, porque eles vão estar de coração se apresentando”.
Sonho – CEO da Tasa Eventos, Takao Sato disse que o Joinville Matsuri é a realização de um sonho que teve início em 2019 e foi adiado por conta da pandemia da Covid-19. Um sonho que o então prefeito Udo Döhler abraçou e que, em dezembro do final do ano passado saiu do papel quando a a gerente de Turismo da Secretaria de Cultura e Turismo, Vanessa Falk, conseguiu, enfim, uma agenda no Expocentro Edmundo Doubrawa.
Com o pé direito – “Foi a partir dali que a gente começou a planejar esse evento. O Dr. Mario Sato foi a grande liderança que apostou na ideia do Joinville junto com o Diego Taira”, explicou Takao Sato, acrescentando que a sua empresa, a Tasa Eventos, é responsável pela organização de matsuris em mais de dez cidades brasileiras, entre elas São Paulo (Capital), Indaiatuba (SP), Maringá (PR), Rio de Janeiro, e Manaus (AM).
Segundo ele, “poucos eventos já começaram dando tão certo como o Joinville Matsuri, porque o Joinville Matsuri abraça a cultura e sabe dar valor. Por isso que a gente está começando muito bem”, disse o superintendente da Tasa, lembrando que, na semana do festival, Joinville foi destaque em todos os portais da comunidade japonesa “e até no Japão”.
Praça – Já o cônsul geral do Japão em Curitiba, Yasuhiro Mitsui, agradeceu a todos que tornaram possível a realização do Joinville Matsuri. “Sei que, além das autoridades presentes aqui no dia de hoje, sem a colaboração dos diretores, voluntários, parceiros e patrocinadores seria muito difícil realizar este evento”, disse Mitsui, que assumiu o cargo há cerca de cinco meses.
Durante a cerimônia de abertura, o vereador Neto Petters e o deputado estadual Matheus Cadorin, entregaram ao presidente da Fansc, Mário Sato, uma cópia de uma emenda impositiva que visa reformar a Praça do Bosque em um jardim ao estilo japonês.
Ao Nippon Já, o deputado explicou que a praça está localizada em um bairro “bastante tradicional de Joinville e deve ganhar um novo projeto arquitetônico e paisagístico no estilo japonês”.
“A comunidade japonesa com seus representantes vão aprovar o projeto e dar suas dicas sobre como esse local de homenagem à comunidade precisa ficar. O novo nome, inclusive, será dado pela própria comunidade”, afirmou Matheus Cadorin.
Propósitos – Presidente da Fansc e uma das principais lideranças em Santa Catarina, Mario Sato explicou que o Joinville Matsuri tem dois propósitos. O primeiro, de gratidão. “Como descendente de japoneses, tenho o dever, através da herança que recebi de papai e mamãe, que vieram do sol nascente, que nós devemos ser eternamente gratos pela acolhida que nossos antepassados tiveram do povo brasileiro”. “Por isso, até hoje nós somos gratos ao povo brasileiro porque é aqui que a gente trabalha e é aqui que a gente vive”, disse Mário Sato, explicando que o segundo propósito do Joinville Matsuri é o e de proporcionar, em três dias, “uma imersão na cultura japonesa para trazer mais alegria, dança, arte, conhecimento e sabedoria para a comunidade da cidade”.
Convidados – A cerimônia de abertura contou com a presença de Diego Taira, presidente da Aliança Cultural Brasil-Japão de Joinville; Mario Sato, presidente da Fansc (Federação das Associações Nikkeis de Santa Catarina); Takao Sato, CEO da Tasa Eventos; cônsul geral do Japão em Curitiba, Yasuhiro Mitsui; gerente de Turismo da Secretaria Municipal de Cultural e Turismo de Joinville, Vanessa Falk; deputado estadual Matheus Cadorin; vereador Neto Petters; Marcos Bittencourt, presidente da CDL — Câmara de Dirigentes Lojistas de Joinville; vice-diretor da Fundação Japão São Paulo, Sasao Gaku; Fumio Hiragami e Carlos Yamaguchi, representando a Fansc São Joaquim; Yuji Kobayashi, representando a Fansc Frei Rogério, entre outros.
No final, os convidados participaram da tradicional cerimônia do kagami biraki (quebra da tampa do barril de saquê).
O brinde ficou por conta do premiado produtor de maçãs, Fumio Hiragami.
(Aldo Shiguti. O jornalista viajou a convite dos organizadores).