Com 65 mil pessoas, 21º Japan Fest confirma crescimento entre público jovem e vê desafios

Organizadores, diretores, convidados, autoridades, patrocinadores e colaboradores participam do tradicional Kagami Biraki do 21º Japan Fest – Fotos: Paulo Cansini e Aldo Shiguti

Considerado o maior evento da Alta Paulista e um dos maiores festivais de cultura japonesa do país, o Japan Fest confirmou as expectativas dos organizadores. Durante os quatro dias de evento (de 25 a 28 de abril), a 21ª edição recebeu um público estimado em cerca de 65 mil pessoas. Deste total, de acordo com balanço do presidente do Japan Fest, Keniti Mizuno, “80% são não descendentes de japoneses”.

Ele conta que, inicialmente, a ideia do Japan Fest era preservar e divulgar a cultura japonesa. Ao longo dos anos, passou a incorporar também a filantropia e a gastronomia, além da cultura.

“Com este perfil de evento nos tornamos um divulgador da cultura japonesa e um pouco menos na preservação, devido ao grande público não nikkei”, destaca Mizuno, explicando que o Japan Fest é organizado e realizado por voluntários, que totalizam mais de 800 integrantes nos quatro dias.

Filantropia – “Com certeza, são o nosso maior patrimônio dentro do clube”, disse, acrescentando que, “neste evento, a filantropia se torna muito forte”. “São 16 entidades participantes. A entrada é gratuita, através de convite ou doação de um quilo de alimento. Os alimentos arrecadados são doados ao Fundo de Solidariedade do município”, observa Mizuno.

Conforme site da Prefeitura Municipal de Marília, o 21º Japan Fest registrou recorde de arrecadação de alimentos. O Fundo Social de Solidariedade de Marília arrecadou cerca de 5 toneladas de alimentos, “150% a mais do que a arrecadação obtida no ano de 2023, quando foram arrecadados 2 toneladas que beneficiaram muitas famílias carentes de Marília registradas no Fundo Social de Solidariedade”.

Mix de culturas – Além da filantropia, durante os quatro dias do evento, o Japan Fest proporcionou ainda não só uma imersão na cultura japonesa como também abriu espaços para outras manifestações culturais. Ao lado de danças tradicionais, cosplay, shishimai (dança do leão) e taikôs (tambores), desfilaram pelo palco do Japan Festa a dupla sertaneja Jad e Jefferson e grupos de k-pop, além do Projeto Guri do Pólo Regional de Marília, programa do Governo do Estado de São Paulo gerido pela Santa Marcelina Cultura, por meio de contrato de gestão celebrado com a Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.

Pastel de ovo – O tradicional evento da cultura japonesa da Alta Paulista também ofereceu aos visitantes o que há de melhor na gastronomia japonesa, com pratos tradicionais da culinária japonesa, como yakisoba, udon, okonomiyaki, guioza e tempurá, além de “especialidades” como o famoso “pastel de ovo”.

A “atração internacional” ficou por conta da presença de uma comitiva de Izumisano, cidade-irmã de Marília (leia mais à página 3 desta edição). Formada pelo vereador e presidente da Câmara Municipal de Izumisano, Teruhiko Nitta; pelo diretor de Relações Internacional de Izumisano, Kunihiro Tanaka; pelo diretor do Departamento da Indústria de Estilo de Vida de Izumisano, Noriaki Imanishi; pelo diretor de Colaboração Cidadã, Kazuhiro Mine; e pelo secretário-geral parlamentar de Izumisano, Koichi Furutani, a comitiva participou da cerimônia de abertura, assim como ocorreu no ano passado.

Abertura – Realizada na quinta-feira, a cerimônia de abertura teve como destaque as homenagens ao presidente da Câmara Municipal de Izumisano, Teruhiko Nitta; ao presidente de honra e diretor feral da TV TEM, Itamar Ferrucci; a Tokumi Kono, do Departamento de Beisebol e Softbol do Nikkey Marília e a Yoshikasu Kaga, da Cooperativa Agrícola Sul Brasil de Marília.

Silvio Harada, que participou pela primeira vez do Japan Fest na condição de presidente do Nikkey Marília lembrou que já vinha atuando nos bastidores “desde lá atrás”. E agradeceu a todos que tornaram possível a realização  demais esta edição.

Ao Nippon Já, Harada disse que o sucesso do Japan Fest depende da união de todos. “Na verdade, estou presidente hoje, mas quem corre atrás é um grupo de pessoas. Não é fácil, mas os preparativos para um evento deste porte começam muito antes que o público imagina. Para isso contamos com uma equipe entrosada”, disse ele, afirmando que “quem mais trabalha são os que menos aparecem”.

21ª edição arrecadou 5t de alimentos

Diversidade – Já Itamar Ferrucci explicou que a TV Tem “abraçou” o Japan Fest “pela energia e determinação da comunidade japonesa”. “É um evento que a gente viu nascer e nunca mais largou. Que essa parceria se estenda por outros longos anos para que essa diversidade da cultura japonesa, que abrilhanta essa festa, venha, cada vez mais, atingir as divisas que a gente vê aqui, que extrapolam, não só a região, como o Brasil”, destacou o diretor da TV Tem.

Diretor do Escritório Regional de Marília, Walter Ihoshi lembrou que o Japan Fest é uma festa que engloba várias entidades e que mobiliza mais de 800 voluntários. “Esses voluntários têm tudo para receber o nosso caloroso abraço”, destacou Ihoshi, que foi nomeado pelo secretário de Governo e Relações Institucionais, Gilberto Kassab, para o cargo de diretor do Escritório Regional de Marília e é responsável pelo atendimento de demandas de administrações municipais que visam  garantir recursos estaduais a 51 cidades da região Centro-Oeste do Estado.

Representando todos os vereadores Elio Ajeka parabenizou a Comissão Organizadora e, em nome da Câmara Municipal, entrou uma grande placa em homenagem ao Japan Fest.

Pioneiros – Deputado estadual, Vinicius Camarinha disse que não se lembrava de ter de ter faltado  em nenhuma abertura do Japan Fest “porque para nós, estarmos aqui é poder homenagear as primeiras comunidades japonesas que desembarcaram aqui no Brasil se instalaram em Marília”.

“É como se nós homenageássemos essas pessoas que ficaram lá atrás porque, se hoje Marilia é uma cidade que se desenvolveu e cresceu com as grandes empresas que nós temos, nós devemos muito a nossa querida colônia”, destacou o parlamentar.

Resiliência – Representando o prefeito Daniel Alonso, o chefe de Gabinete Levi Gomes Oliveira frisou que Marília teve o privilégio de receber “um número significativo de imigrantes japoneses que vieram para o Brasil”. “Pessoas que são extremamente importantes para o desenvolvimento não só da nossa cidade, mas do país por sua resiliência, por seu conhecimento, por sua disciplina e por sua dedicação”, destacou, acrescentando que o Japan Fest “significa muito não só para o Brasil, mas para o mundo todo pois é uma referência”. É uma festa uma festa que une as pessoas, tornado as famílias japonesas e brasileiras uma só família”, explicou.

Presente na abertura, como faz há três dieções,  o presidente do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, Renato Ishikawa, disse que “o Japan Fest de Marília já se consolidou como um dos maiores festivais da cultura japonesa no Brasil, graças à competência e o arrojo com que é organizado, com inovações constantes, tornando-o cada vez mais atrativo ao gosto popular”.

“Mais do que uma grandiosa festa, o Japan Fest é a demonstração mais viva da pujança econômica e cultural de Marília e da Alta Paulista e da importância da contribuição do trabalho da comunidade nipo-brasileira para o desenvolvimento de toda esta região em todas as áreas de atividades, sobretudo, evidência da grande integração dos imigrantes japoneses e seus descendentes  na sociedade mariliense, preservando, disseminando e compartilhando a cultura e os valores éticos japoneses com os representantes das mais variadas etnias para transformar Marília em magnífico polo cultural e econômico”, disse Renato Ishikawa.

Custo alto – Keniti Mizuno agradeceu a mensagem do prefeito de Higashi Hiroshima, Hironori Takagaki, primeira cidade coirmã de Marília, e a presença da comitiva de Izumisano, em nome do prefeito Hiroyasu Chiyomatsu. Mizuno lembrou que o Japan Fest é considerado um dos maiores eventos da região e que os trabalhos se baseiam em três princípios: a cultura, a gastronomia e a filantropia.

Ele agradeceu ainda o apoio dos governos municipal, estadual e federal pois “o custo para se realizar o Japan Fest é muito alto, passa de 650 mil reais”.

E concluiu afirmando que o Japan Fest  atingiu uma “dimensão internacional”. “Hoje este evento pertence a sociedade, o Nikkey só ajuda a organizar, agradeço de coração a todos os voluntários, patrocinadores, diretores e autoridades presentes. Gratidão sempre”, concluiu Keniti Mizuno.

(Aldo Shiguti)

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