O Agora das Companhias Nikkeis: TSE

Esta série de artigos apresenta “o agora das companhias nikkeis do Brasil”.

Na 24ª entrevista, conversamos com o presidente Hideo Sato (49 anos), da TS Participações e Investimentos S.A. (doravante TSPI), empresa que atua no Brasil através da sua filial, a TSE (Toyo Setal). Por sua vez, metade das ações da TSPI pertence à Toyo Engineering Corporation (doravante TOYO). Atuando nos segmentos de Óleo e Gás, Química, Infraestrutura, entre outros, a TSE executa serviços de alta complexidade, principalmente na modalidade EPC (Engineering, Procurement and Construction), um tipo de contrato que abrange o projeto, a construção, a compra de equipamentos e a montagem para uma determinada obra. Assim, a empresa vem contribuindo para o desenvolvimento da economia do Brasil, um país rico em recursos naturais e em contínuo crescimento, devido à expansão da demanda interna. Desejando ir além, a empresa também planeja expandir seus negócios para outros países da América do Sul e da África Ocidental.

Brasil, um país com posição especial no cenário global

            A TSPI é uma empresa fundada em 2012 como resultado dos esforços da TOYO para consolidar ainda mais a sua posição no Brasil. A sua fundação esteve acompanhada de uma joint venture com uma grande empresa brasileira de engenharia. A própria TSPI possui duas filiais: a TSE, que lida com construções onshore e a Estaleiros do Brasil (EBR), que lida com construções offshore, como a FPSO (navio-plataforma com capacidade para processar e armazenar o petróleo e prover a transferência do petróleo e/ou gás natural).

Desde que começou a operar no Brasil em 1965, a TOYO tem realizado uma série de projetos em larga escala, iniciando com a planta da Petrobras de ureia, destinada a fertilizantes em Camaçari (BA). Em 1996, realizou a EPC da Refinaria de Mataripe (RLAM), também no estado da Bahia. No meio dessa trajetória, a TSPI foi estabelecida para estar em conformidade com a estratégia do governo brasileiro de “expansão da participação da produção nacional” e “promoção da transferência tecnológica”, para que a própria TOYO pudesse alcançar e consolidar a rede de EPCs estabelecidas no Brasil.

Atualmente, a empresa desenvolve seus negócios em 11 países e uma característica da TOYO nas operações globais é que cada filial, constituída nesses territórios, opera de forma independente, ajustando-se às condições dos seus respectivos cenários, ao mesmo tempo que existe uma rede de colaboração entre elas. Temos como exemplo as filiais do Japão e da Índia que são as principais responsáveis pelo planejamento, enquanto as dos Estados Unidos e da União Europeia realizam a aquisição de equipamentos. Dentro desse contexto a filial do Brasil ocupa uma posição especial, conseguindo concluir quase todas as etapas de EPC dentro do país, mesmo recebendo certo nível de auxílio das outras filiais.

Apoio ao desenvolvimento industrial e descarbonização no Brasil

Para promover ainda mais o desenvolvimento industrial e a transição para uma economia de baixo carbono no Brasil, a empresa está atualmente conduzindo os principais projetos:

• Usinas termelétricas em Santo Antônio dos Lopes (MA) e em Barcarena (PA) para garantir o fornecimento estável de energia elétrica, independentemente das condições ambientais, em um país onde mais de metade da energia provém de fontes renováveis, como a energia hidrelétrica. O aumento da instalação de turbinas a vapor e caldeiras de recuperação de calor visa aumentar a eficiência energética, o que implica na redução das emissões de CO_2;
• Unidade de dessulfurização de diesel em Paulínia (SP) para reduzir o impacto ambiental dos gases de combustão;
• Unidade de purificação de gás natural, classificado como energia limpa de baixo impacto ambiental, em Itaboraí (RJ);
• Planejamento, aquisição de materiais e construção de módulos do topside das FPSOs para a extração de petróleo na área do pré-sal no Rio Grande (RS).

A empresa recebe ótima avaliação e confiança da Petrobras e de muitas outras empresas brasileiras por entregar ao cliente a melhor solução técnica, com o melhor custo-benefício, qualidade, segurança e dentro do prazo acordado.

A amônia e suas novas possibilidades

O Brasil tem como meta reduzir em 50% as emissões de gases de efeito estufa até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2050.

Um dos combustíveis limpos esperados como fonte de energia da próxima geração é a amônia, que não emite dióxido de carbono durante a combustão. Com relação à amônia, que começou a ser usada como fertilizante há 100 anos, a TOYO possui vasta experiência em projetos que incluem 87 unidades de produção de amônia e mais de 48 tanques de armazenamento em todo o mundo. Através da introdução de novas tecnologias, como o hidrogênio, amônia, SAF (Sustainable Aviation Fuel) e metanol e por meio da expansão de negócios nas áreas relacionadas com a energia de próxima geração, economia circular e redução de impacto ambiental, a TOYO busca contribuir para a sustentabilidade do planeta e da sociedade através da engenharia no Brasil.

Contribuindo para o desenvolvimento de jovens engenheiros

Enquanto o número de funcionários (majoritariamente engenheiros) da TOYO no mundo, sem contar o Brasil, é de cerca de 5500, a TSPI brasileira emprega diretamente cerca de 8000 pessoas, incluindo os funcionários do canteiro de obras. A empresa está empenhada na transferência tecnológica para o Brasil e no desenvolvimento da qualidade de recursos humanos que elevem o padrão da Indústria. A TSPI foca principalmente no desenvolvimento de jovens engenheiros recém-formados, oferecendo programa de treinamento para trabalhar em projetos, além de estágios para estudantes das mais diversas áreas. O programa de estágio já se mantém por 10 anos e é muito bem recebido, com muitas inscrições.

Entrevistadora: Tomoko Oura