O Agora das Companhias Nikkeis: Editora Kojiro

Esta série de artigos apresenta “o agora das companhias nikkeis do Brasil”.

Da esquerda para a direita Hugo, representante Kawarazaki e editor-chefe Fuse
Logo Kojiro Pindorama

Na 26ª entrevista, conversamos com Naosuke Fuse (59 anos), editor-chefe da Editora Kojiro (representante: Ryuichiro Kawarasaki). “Pindorama” é a revista mensal gratuita publicada pela Editora Kojiro, que fornece informações sobre o Brasil em japonês. De acordo com uma pesquisa japonesa, foi reconhecida como uma das revistas gratuitas do mundo em japonês. Desde o seu lançamento em 2006, a revista continua sendo lida por japoneses, nikkeis e funcionários japoneses destacados para o Brasil, sendo apreciada como uma das poucas fontes de informação em japonês disponíveis no Brasil.

Perfil da Editora KojiroRazão social: Editora Kojiro Ltda.
Localização: São Paulo (SP)
Ano de estabelecimento: setembro de 2007
Número de funcionários: 3
Atividade comercial: editoração
Site: https://note.com/pindorama/

18 anos desde o lançamento inicial

Da esquerda para a direita “Rakuraku São Paulo” e edição para publicação inicial e edição de abril de 2024 do “Pindorama”

A revista mensal Pindorama foi lançada pela primeira vez em junho de 2006 e neste ano completou 18 anos desde sua primeira aparição, com o lançamento bem-sucedido do número 214 neste mês. A marca registrada da empresa é o nome e o logotipo do gato de estimação que vivia com o representante Kawarazaki. O nome da revista, “Pindorama”, possui raízes na língua tupi, uma língua indígena clássica do Brasil, significando “terra das palmeiras”, que se refere à região que hoje é o Brasil.

O representante Kawarazaki (já completa 31 anos de residência no Brasil) tinha certeza que sempre haveria demanda por uma revista informativa publicada regularmente sobre o Brasil na língua japonesa. Desde o lançamento inicial, ele enfatizou a importância da regularidade, mantendo o estilo de publicação mensal, que, até o momento, nunca foi interrompido.

Depois da pandemia de 2020, os patrocinadores de setores com serviços que envolviam muito contato presencial com seus clientes foram afetados e a quantidade de anúncios no Pindorama também diminuiu pela metade, resultando no período mais difícil da Editora Kojiro desde sua fundação. Até então, a quantidade de páginas e de anúncios da revista vinham crescendo, mas, para superar a dificuldade, o número de páginas foi reduzido pela metade, mesmo que estivessem crescendo junto com os anúncios anteriormente. Atualmente, os antigos patrocinadores estão retornando com a publicação de anúncio e também estão surgindo novos patrocinadores.

A empresa não tem intenção de expandir seu negócio; seu lema é a publicação de uma “revista interessante”. O desejo da empresa é apresentar aos leitores sobre um “Brasil desconhecido”, enriquecendo o cotidiano dos japoneses através do conhecimento sobre a cultura e os valores brasileiros, que possuem grande diversidade.

A inesgotável jazida cultural brasileira

Uma das páginas do “Rakuraku São Paulo”

Na ocasião do lançamento inicial, apesar de ter recebido a previsão de que o projeto “vai falir na terceira edição”, a revista Pindorama continuou sendo publicada durante 18 anos. A concepção da revista é “ser abrangente e apresentar sobre a sociedade e a cultura brasileira no geral”, diferenciando-se dos jornais em língua japonesa focados na apresentação da sociedade nikkei e da cultura japonesa difundida no Brasil. A revista se dedica a abordar uma ampla variedade de temas, como turismo, esportes, culinária, música, literatura, política, economia e história de imigração. O conteúdo da revista sempre manteve uma qualidade enriquecedora graças à contribuição de uma variedade de redatores, que não se limitam a escritores profissionais, mas também incluem guias de turismo, professores universitários, cantores, advogados, médicos, vendedores ambulantes, donas de casa, professores de escola de mangá, acupunturistas e chefs de lamen. 

“Continuamos cavando a jazida cultural brasileira através do Pindorama, mas, quanto mais cavamos, mais encontramos novas gemas e a voz de alegria nunca cessa”, diz o editor-chefe Fuse.

Durante cerca de um ano e meio desde o primeiro lançamento da revista, a Editora Kojiro deparou com a dificuldade de encontrar patrocinadores devido à sua baixa visibilidade, mas as vendas de espaços para anúncios foram aumentando gradualmente, e, antes da pandemia, a revista já era composta por mais de 50 páginas. O que começou como uma revista impressa, agora também pode ser lido online, incluindo desde as edições anteriores até a edição mais recente, permitindo o compartilhamento de informações não apenas entre os leitores do Brasil e do Japão, mas também com os leitores do mundo inteiro.

Início da transmissão de informações imobiliárias úteis

Em 2011, quando a revista Pindorama já estava ganhando popularidade entre os japoneses que residem em São Paulo, a Editora Kojiro lançou o “Rakuraku São Paulo”, o guia de viagem em japonês que aborda quase todos os aspectos da vida cotidiana de São Paulo, como turismo, saúde, alimentação, entretenimento, compras, educação e infraestrutura. O guia foi desenvolvido para ajudar pessoas que vieram em São Paulo pela primeira vez para viver (em japonês, rakuraku significa extremamente fácil). O guia possui grandes dimensões e conta com mais de 200 páginas coloridas, demandando um tempo considerável para a sua produção, mas obteve uma avaliação surpreendentemente positiva e uma nova edição passou a ser lançada anualmente até 2020. Além disso, a Editora Kojiro também se envolve na produção de biografias individuais e de publicações comemorativas das organizações nipo-brasileiras. Desde o ano passado, a Editora também começou a atuar como intermediadora entre as grandes empresas imobiliárias brasileiras e os funcionários japoneses destacados para o Brasil, que necessitam alugar apartamentos em São Paulo.

O editor-chefe Fuse se mudou para o Brasil aos 40 anos, em busca de uma nova vida. Até então, era professor de cursinho pré-vestibular no Japão e não possuía nenhuma experiência em editoração. Sentiu que o Brasil era “um milhão de vezes mais divertido do que o Japão” e passou a ficar satisfeito tanto na sua vida pessoal quanto profissional. Recentemente, despertou interesse em fazer doces saudáveis e começou a vender em pequenas quantidades.

“Quando eu estava no Japão, nunca imaginei que começaria a fazer doces aos 60 anos. Aqui no Brasil, eu sou livre para planejar a minha vida com responsabilidade própria”: diz ele com um sorriso radiante. Por ser uma empresa de pequeno porte, a Editora Kojiro possui uma boa flexibilidade e planeja continuar se envolvendo em novos projetos, que não estarão restritos apenas a publicações.

Entrevistadora: Tomoko Oura

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