Fundada em 1954 com o nome de “Federação de Wakayama Kenjinkai do Brasil”, a Associação Wakayama Kejinkai do Brasil celebrou seu 70º aniversário de fundação no dia 19 de outubro, em cerimônia realizada no Salão Gran Real do Club Homs, que recebeu cerca de 300 pessoas para a ocasião comemorativa.
A cerimônia contou com a presença de uma delegação da província de Wakayama, liderada pelo governador daquela província, Shuhei Kishimoto, e composta pelo presidente da Assembleia de Wakayama, Taiyu Suzuki, totalizando 16 pessoas. Estiveram presentes ainda representantes de outros países, como Sonia Sakata, presidente do Wakayama peruano; o cônsul geral do Japão em São Paulo, Toru Shimizu; o representante chefe da Jica (Japan International Cooperation Agency) Brasil, Akihiro Miyazaki; o vice-presidente do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, Roberto Nishio; o vice-presidente da Enkyo – Beneficência Nipo-Brasileira de São Paulo, Jun Suzaki; o vice-presidente da Kenren – Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil, Alfredo Ohmachi; o vereador George Hato e o assessor parlamentar do vereador Aurélio Nomura, Tomio Katsuragawa.
Abertura – Após a presidente da Comissão Organizadora, Luciana Yumi Taniguti declarar aberta a cerimônia, a banda da Guarda Civil Metropolitana executou os hinos nacionais do Japão e do Brasil. Os convidados puderam acompanhar o Hino de Wakayama projetado em um telão.
Antes dos discursos, foi prestado um minuto de silêncio em memória dos antepassados e dos imigrantes pioneiros.
Em sua fala, o presidente do Wakayama Kenjinkai, José Taniguti lembrou que, desde que o Kasato Maru trouxe a primeira leva de imigrantes japoneses, o Brasil recebeu cerca de 1600 famílias, compostas por 6 mil pessoas de Wakayama. “Não é exagero dizer que essa população aumentou consideravelmente para 48 mil pessoas contando os filhos e netos que nasceram no Brasil”, afirmou Taniguti, que lamentou o fato de os laços sanguíneos com Wakayama estarem desaparecendo em virtude do aumento de casamentos entre pessoas de províncias diferentes e mesmo com não nikkeis.
Com isso, conta, está aumentando também o número de descendentes que não estão interessados no Kenjinkai. Ele lembrou que o próprio Wakayama possuia ramificações em cidades do interior mas que, com o passar dos anos, foram desaparecendo. E apontou alguns motivos para que isso acontecesse, como o falecimento de membros, mudança do interior para a Capital e até mesmo jovens que perderam o interesse pelo Kenjinkai.
“Por esse motivo, foi decidido na Assembleia Geral realizada há 10 anos, que todas as associações do interior deveriam ser transformadas em filiais regionais. Porém, isso não foi suficiente, restando hoje apenas a filial de Dourados (MS). Além disso, devido à influência do tempo, o número de jovens que falam japonês está diminuindo significativamente”, explicou Taniguti, afirmando que “só há uma forma de impedir uma queda ainda mais acentuada do número de membros.
Proposta – “Acredito que será eficaz se os jovens, sejam eles filhos da província de Wakayama ou tenham laços de sangue de outras províncias, se interessarem pela Associação Wakayama Kenjin e cooperarem tornando-se membros do Kenjinkai. Penso que da mesma forma se aplica aos jovens de ascendência japonesa”, disse, explicando que o Wakayama Kenjinkai também precisa de reformas para a sua continuidade no futuro.
“Uma proposta é aceitar associado mesmo que não seja descendente de Wakayama, e a outra é mudar o nome do ‘Wakayama Kenjinkai do Brasil’ para ‘Associação de Intercâmbio Cultural da Província de Wakayama no Brasil’. Se assim fizermos, podemos inserir quem tem potencial para superar os fatos atuais e continuar no futuro”, alegou.
Fonte de apoio – O governador da Província de Wakayama, Shuhei Kishimoto, disse que era a sua primeira visita ao Wakayama Kenjinkai do Brasil e que estava ansioso para reencontrar com os 45 membros que estiveram no Segundo WakayamaKenjinkai Sekai Taikai, realizado no ano passado, em Wakayama.
Segundo o governador, há 70 anos a Associação Wakayama Kenjinkai do Brasil é fonte de apoio moral aos imigrantes, “e por meio de diversas atividades, como participação no Festival do Japão organizada pela Kenren, não é difícil imaginar que isso ajudou a melhorar o status dos nikkeis brasileiros como um todo”. E destacou que a Província de Wakayama valoriza seus laços com a Associação Wakayama Kenjin do Brasil e acolhe seus descendentes, bem como a Província de Wakayama, onde residentes de Wakayama do exterior e do Japão podem se reunir para aprofundar os laços com sua terra natal através da realização da Convenção Mundial dos Wakayamas Kenjinkais, especialmente entre os jovens que liderarão a próxima geração, através de projetos”.
E finalizou lembrando que a Expo Osaka/Kansai está programada para abril de 2025, “por isso esperamos que todos aproveitem esta oportunidade para retornar à sua terra natal em Wakayama.
Desbravadores – O presidente da Assembleia de Wakayama também explicou que era a primeira vez que visitava o país. “Se seguirmos os passos de pessoas que vieram da província de Wakayama para esta terra e construíram sua posição atual na sociedade brasileira, concluímos que eles demonstraram se espírito desbravador em uma terra estrangeira, longe de sua provincia natal, Wakayama”.
Para o cônsul geral do Japão, desde cedo, os cidadãos de Wakayama demonstraram imensa determinação para alcançar o sucesso. “No Brasil, os primeiros imigrantes originários da província chegaram no ano de 1917, marcando um século de história. E destacou, em especial, a trajetória de Yasutaro Matsubara, nascido no distrito de Hidaka, que se notabilizou por desbravar a região da cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul, dando origem à famosa expressão ‘Imigração Matsubara’ – fato de grande importância na narrativa da imigração japonesa”, explicou Toru Shimizu, lembrando que o primeiro presidente do Wakayama Kenjinkai, Gisuke Takenaka, trablhou arduamente em prol do bem-estar dos imigrantes.
“Desde então, como uma ponte entre o Japão e o Brasil, a Associação não apenas tem promovido a amizade entre seus membros, mas também se empenhado ativamente no desenvolvimento de recursos humanos e projetos de intercâmbio, como envio de estudantes financiados pela província e de estágios técnicos estrangeiros”.
Emoção – Representante chefe da Jica Brasil, Akihiro Miyzaki falou sobre a participação de duas empresas de Wakayama no Furusato limono-ten, a Nakata Food (fabricante de umeboshi e derivados) e a Yoshimura Hideo Shoten, produtora de saquê e licores. “Lembro que fiquei emocionado com o maravilhoso sabor de seus saquês”, afirmou.
Homenagens – A cerimônia prosseguiu com a entrega de certificados às pessoas idosas com mais de 80 anos. Para receber a homenagem das mãos do governador e do presidente da Assembleia, foi chamada para subir ao palco Ikuyo Kida, que vai completar 100 anos em fevereiro de 2025. Nascida em Shingu, ela mora atualmente em São Paulo, no bairro do Paraíso.
Em seguida foram entregues certificados para associados que prestaram relevantes serviços à Associação: Chieko Miyashita, Nozomu Miyashita e Hatiro Shimomoto (in memoriam) – entregue à viúva Tieko Shimomoto –, por terem se dedicado de forma contínua e exemplar pelo engrandecimento da associação.
O vereador George Hato, reeleito para mais um mandato e que tem laços de sangue com a Província de Wakayama, entregou uma placa de homenagem aos ilustres representantes do Governo de Wakayama.
Após as trocas de presentes o governador e o presidente da Assembleia entregaram contribuições às três entidades representativas da comunidade nikkei: Bunkyo, Enkyo e Kenren, representadas, respectivamente, por Roberto Nishio, Jun Suzaki e Alfredo Ohmachi.
O jovem Fabrício Hitoshi Matsunaga fez o discurso de agradecimento em nome dos jovens bolsistas que foram agraciados com a oportunidade de conviver com famílias em Wakayama.
O vice-presidente, Edson Eiji Nagai, declarou encerrada a solenidade.
Depois do corte do bolo, com participação do Governador de Wakayama, o presidente da Assembleia Legislativa de Wakayama, o diretor presidente da Fundação Wakayama de Intercâmbio Internacional e do presidente José Taniguti, o cônsul geral do Japão comandou o Kampai.
O evento contou ainda com uma apresentação musical comandada por Shen Kyomei Ribeiro, mestre de shakuhachi e associado da Wakayama Kenjinkai do Brasil.
(Aldo Shiguti)