‘Verdadeira Sadako’: atriz Rie Inoo conta bastidores sobre interpretar lendária personagem nos idos de 1998

Difícil se deparar com qualquer amante de cinema – em especial dos filmes de terror – que não saiba quem é Sadako. Uma das personagens mais icônicas dos últimos tempos, ela encantou (ou assombrou?) milhões de pessoas ao redor do mundo com a saga “Ring – O Chamado”, lançada em meados de 1998.

A trama cuja história se dá com uma fita VHS amaldiçoada e que liberta o espírito de uma menina já está em sua décima segunda produção, contando com as adaptações para o mercado ocidental. E, agora, é a hora de Sadako voltar à ativa após um período de silêncio, com o lançamento, na semana que vem, de “O Chamado 4: Samara Ressurge”, nas salas de cinema do Brasil.

O Nippon Já aproveitou a ocasião para conversar com a “primeira” Sadako, a atriz Rie Inoo. Ela foi a responsável por dar vida e encantar o mundo com a personagem amedrontadora. “Eu me diverti em todos os desafios”, relembra ela sobre a época das gravações. Desafios estes que incluíam frio extremo, maquiagem especial e adaptações complicadas, pois a expressão corporal era mais importante do que falas, afinal, Sadako não diz uma única palavra durante todo o filme.

Confira a entrevista e conheça mais sobre a atriz, que inclusive já esteve no Brasil. Sim, os brasileiros já tiveram contato com a “Sadako” de forma física.

Entrevista com a Rie Inoo, “a primeira Sadako”

Sobre a carreira

Nippon Já (NJ): Gostaria de conhecer sobre o começo da sua carreira como atriz. Como e quando você passou a sonhar em ser atriz?

Rie Inoo: Desde quando era pequena, tipo na época de escola primária, eu já tinha interesse pela atuação. Era apaixonada pelos livros de Shuji Terayama (poeta, dramaturgo, escritor, diretor de filmes e fotógrafo vanguardista japonês. Foi presidente do grupo de teatro Tenjousajiki, referência no teatro underground dos anos 60 e 70), que li quando ainda estava na escola secundária. Quando soube que ele dirigia um grupo de teatro, fiquei com vontade de ir assistir às suas peças, mas naquela época eu não tinha ideia de como fazia para conseguir assistir a uma peça de teatro. Acho que foi quando estava no primeiro ou segundo ano do ensino médio que saiu a notícia de que Terayama-san estava parando suas atividades como diretor por conta que estava doente. Foi o que me levou a pensar “não posso mais adiar, preciso ir assistir à sua peça urgentemente!” e a assistir a “Lemming” no Kinokuniya Hall, que acabou se tornando a sua última peça.

NJ: Nisso você já tinha determinado se tornar atriz profissional?

Rie: Ainda não tinha decidido que queria isso como profissão, mas foi o momento que me apaixonei pelo Tenjousajiki e me fez confirmar o estilo de teatro que eu queria atuar. Como eu ainda era colegial, eu tinha algumas opções de carreira que eu queria seguir. Depois do falecimento do Terayama san, o grupo Tenjousajiki acabou se dissolvendo. Mas logo em seguida foi formado o grupo Banyuinryoku*, que estou até os dias de hoje.

*Banyuinryoku: grupo de teatro formado em 1983, pelo presidente J. A. Seazer (Julious Arnest Seazer), que foi diretor e sonoplasta do Tenjousajiki, e por mais 31 membros dele, após o falecimento do Terayama.

NJ: Você se lembra de como foi o seu primeiro job como atriz profissional? Foi em peça de teatro, televisão ou filme? Tem algum episódio marcante?

Rie: A primeira vez que eu subi no palco para atuar foi quando ainda era ajudante do Banyuinryoku. Um conhecido me convidou “você não poderia atuar na nossa peça?”. Eu era jovem e inexperiente, sem noção dos meus próprios limites e com autoconfiança sem fundamentos. Avaliando agora como foram as minhas primeiras atuações, não soube fazer nada. Fico com vergonha de relembrar que naquela época eu não era capaz de nada e nem tinha noção disso.

Sobre o filme “Ring”

NJ: Agora falando sobre o filme “Ring”. Pode nos contar como foi a escolha do elenco? Te enviaram um convite para fazer o papel da Sadako ou foi decidida através de uma audição?

Rie: O convite, na verdade, foi para o grupo de teatro. A pessoa responsável pelo elenco do “Ring”, era conhecido de um sempai (veterano) do Banyuinryoku. O papel da Sadako era bem característico. Não tinha fala, nem o rosto aparecia direito e tinha que demonstrar apenas com os movimentos do corpo para os espectadores interpretarem que a Sadako era um ser que não é desse mundo e causar medo em quem assistisse. Foi aí que o sempai me procurou. Ligou para mim dizendo “tenho proposta para um filme, te interessa?”. Então perguntei “que tipo de papel é?”. Aí ele respondeu algo como “não é nada legal, é péssimo para falar a verdade, você não terá falas e nem seu rosto vai aparecer, mas pode ser interessante só para você conhecer como é a produção de um filme” e ele me enviou o roteiro. Quando eu li, eu já fiquei com muito medo, mesmo sendo só um roteiro ainda, o que me motivou a aceitar o papel. Fui diretamente ao estúdio cenográfico da Toei para encontrar com o diretor e ele me aprovou. Logo ele me explicou que a sua ideia inicial para Sadako era gravar os movimentos dela de trás para frente, para dar um aspecto sobrenatural. Acho que no mesmo dia já fizemos um teste com câmera. Foi em uma sala de tatame e usamos algumas mesas deitadas para simular o poço. Como era tudo invertido, comecei no enquadramento bem próximo a câmera e fui me afastando até passar por cima das mesas e me esconder atrás delas. Aí já assistimos o vídeo de trás para frente e fomos sugerindo “vamos melhorar nisso, naquilo”. Foi assim que foi construído aquela cena.

NJ: Sendo sua primeira atuação no filme e ainda no gênero terror, resultou na cena lendária (quando a personagem Sadako emerge de um poço) que até hoje está marcada entre os fãs. Que incrível.

Rie: Mas acho que a minha experiência de atuação no teatro ajudou muito. Quando eu pensei em como posso causar medo em alguém sem nenhuma fala, sem mostrar meu rosto, só caminhando em direção dele, achei que qualquer pessoa ficaria com medo se alguém que nunca nem viu antes estiver demonstrando muita fúria e vir se aproximando de você com muito ódio. Então, eu tentei direcionar a raiva e o ódio para frente com toda intensidade enquanto interpretava Sadako. Há mais ou menos 4 ou 5 anos, o diretor Nakata* criou o novo “Ring”. E quando foram produzir o panfleto do filme, decidiram ter como conteúdo um diálogo, uma mesa redonda, ou algo parecido, de mim com o diretor. Foi quando pude revê-lo depois de mais ou menos 20 anos e conversamos sobre vários assuntos. Ele me revelou que para as outras atrizes que vieram interpretar Sadako depois de mim, até na versão americana que ele dirigiu, orientava para que tivessem esse cuidado que eu sempre tive com os movimentos. Fiquei muito feliz que o diretor continuou se preocupando com isso, mesmo que eu nunca tivesse contado sobre isso antes. Por exemplo, se o corpo ficar balançando de um lado para o outro ou ficar variando a velocidade do movimento acaba perdendo o efeito de medo. Mas eu nunca tinha explicado sobre isso para o diretor. Então fiquei muito feliz de saber que ele reparou nisso e pediu para as atrizes que interpretaram Sadako depois de mim desse continuidade com esses cuidados.

*Hideo Nakata: diretor japonês de filmes de terror de sucesso como a série “Ring”, “Joyurei” (que foi produzido um remake nos EUA em 2010), “Honogurai Mizu no Soko kara” (que ganhou o título de “Grande Prêmio” no Gérardmer International Fantastic Film Festival, e também ganhou a sua versão americana como “Dark Water”), além de muitos outros títulos.

NJ: Qual foi a maior dificuldade para interpretar Sadako?

Rie: Eu me diverti em todos os desafios. Além da dificuldade na parte da atuação, tinha a maquiagem especial para parecer que as mãos estão sem as unhas. Nós queríamos representar o quanto a Sadako ficou desesperada tentando escalar as paredes do poço que ela acabou sendo jogada. Para fazer as mãos sem as unhas, nós criamos um molde das minhas mãos para fazer tipo de um dedal bem fininho, com um material parecido com borracha, que cobrisse certinho a ponta dos meus dedos, e fazia a pintura por cima desses dedais. Para fazer essa maquiagem especial, no começo levava quase uma hora só para fazer as mãos, isso toda vez que fossemos gravar. Mas depois, ficamos mais rápidos. Por mais que fosse um processo trabalhoso, eu achava tudo muito legal, não achava sofrido. Também lembro de quando fomos gravar a cena do poço, que a mão saía da superfície da água. No começo tinham me falado “vai ter que mergulhar até a cabeça”, então estava preocupada. Mas quando fomos de fato gravar, pelo ângulo da câmera, a minha cabeça não ia aparecer mesmo que ficasse para fora da água. E para não passar tanto frio, colocaram até um aquecedor de água no poço. Mas tinha uma rachadura no fundo do poço que a água ficava vazando para sempre. Por isso tinha que ir adicionando água toda hora e não dava para manter a temperatura tão quente, ficava sempre morna. Além disso, tinham colocado muito “Bathclin” [marca de sais de banho popular no Japão], para tentarem representar a cor turva da água de um poço velho, com musgos. Aí que eu sentia que estava tomando banho em um ofurô [banheira japonesa] mesmo. As gravações ocorreram em um clima assim, bem descontraído e tranquilo.

NJ: Você se recorda de como se sentiu ao ver o filme pronto pela primeira vez?

Rie: Sim. A cena em que Sadako sai da televisão foi gravada no chroma azul e o fundo foi adicionado com montagem, então só vi o resultado quando o filme ficou pronto. Nossa, eu ri tanto quando assisti essa cena. “Oh não, isso está muito engraçado, não vai causar medo em ninguém! Nunca que um filme desses fará sucesso…”, pensei. Mas depois eu vi que talvez cause medo em quem não sabe dos bastidores. Por exemplo, o meu sempai que me indicou para o papel da Sadako, que também assistiu a primeira versão do filme do meu lado. Ele ficou paralisado e quieto mesmo depois que acabou o filme. Nisso, eu já fiquei nervosa pensando “ih, caramba! Ele deve estar muito bravo de tão chato que ficou o filme…”. Aí ele soltou “nossa, que medo”. Ele disse que ficou com muito medo mesmo tentando se convencer que a Sadako era eu. Eu não conseguia acreditar e fiquei perguntando “tem certeza? Você ficou com medo mesmo?!” de tão feliz que eu fiquei.

NJ: É popular o boato de que acontecem coisas sobrenaturais com elenco e envolvidos de algum filme ou série de terror. E com “Ring”, de fato chegou a acontecer algo sobrenatural com algum de vocês?

Rie: Acho que foi bem na época que o filme tinha acabado de ser lançado, algumas revistas soltaram matérias dizendo “coisas assustadoras acontecendo com a produção de ‘Ring’…?!”. Cheguei a ver matérias desse tipo duas ou três vezes. Mas pelo menos durante as gravações que eu participei não aconteceu nada e nem fiquei sabendo. Pensei “será que foi uma estratégia de marketing?” (risos).

NJ: Já se passou bastante tempo desde o lançamento do filme “Ring” em 1998, e ainda nos dias de hoje tem fãs do mundo inteiro. Você já imaginava que o filme seria amado por tantas pessoas?

Rie: Não mesmo. Eu realmente pensei que ninguém assistiria. Fico muito surpresa.

NJ: Acredito que o filme “Ring” foi o pioneiro do boom do gênero terror. E a personagem Sadako se tornou tão famosa que é reconhecida até por pessoas que ainda nunca assistiram ao filme. Na sua opinião, o que faz a Sadako ser uma personagem tão amada e famosa?

Rie: Antes de mais nada, o livro original “Ring” * já dá muito medo. Eu admiro muito que o autor consiga escrever uma história tão aterrorizante como essa. O poder da obra original já é grandioso. Somado a isso, o diretor Nakata fez questão de diminuir ao máximo os elementos que não tivesse a ver com o terror da obra original, em busca da mais pura sensação de medo. Acredito que isso também ajudou para sucesso do filme.

*Livro “Ring”, lançado em junho de 1991, pelo autor Koji Suzuki, que serviu como base do filme. Várias obras do autor que vieram depois do “Ring”, apresentam narrativas relacionadas: “Spiral”, “Loop”, “S”, “Tide” e “Brithday”, inclusive muitas delas ganharam adaptações para outras mídias.

NJ: E sobre a personagem Sadako especificamente, o que você mais gosta dela?

Rie: O que eu mais gosto nela? Boa pergunta (risos). O que será? É difícil pensar nisso, porque quando estou atuando, já não é mais a própria personagem, sou eu ali. Por mais que a Sadako tivesse ideias doidas, para mim fazia sentido, porque eu sou ela. Quando me perguntam “não sentiu medo em interpretar a Sadako?”, eu fico “como assim? Não dá medo nenhum, porque sou eu mesma”. A sensação que eu tinha é de que as atitudes dela eram as minhas.

NJ: Acho que tem fãs brasileiros que ficariam felizes em te ver em uma produção brasileira, por exemplo.

Rie: Claro, se um dia me vier um convite assim, ficaria muito feliz também. Ah! Mas eu já cheguei a visitar Brasil duas vezes para atuar.

Sobre a sua passagem pelo Brasil

NJ: É mesmo?! E o que você achou do Brasil?

Rie: A primeira impressão que tive foi “que longe”. Tantas horas de voo foi muito sofrido para mim. Eu ficava “ainda não chegou, ainda não?”. Como foi a equipe inteira para levar uma peça ao Brasil, tinha que ser todo mundo na classe econômica né. “Longe e demorado”, foram as primeiras impressões. Mas chegando, era um lugar maravilhoso e muito divertido.

NJ: Você se lembra quanto tempo levou?

Rie: A primeira vez, acho que levamos mais tempo na volta, porque ficamos umas 10 horas esperando o voo seguinte na escala. Dentro do avião já foi mais ou menos 25 horas. Ah! Até lembrei que na época existia o voo direto da Varig né.

NJ: Conheceu quais lugares do Brasil?

Rie: Na primeira vez passamos por São Paulo, Santos, Parati e Rio de Janeiro, essas quatro cidades. Na segunda vez também passamos por São Paulo e Santos. E lembro que fomos também na Fazenda Yuba, uma comunidade agrícola no interior. Quase morri de calor quando estávamos lá, mas de modo geral o clima do Brasil era bem agradável para mim. E as pessoas eram todas muito amigáveis, alegres e divertidas, só pessoas muito boas. Mas eu achava muito engraçado que faltavam comprometimento.

NJ: Que vergonha (rs)

Rie: Imagina, foi divertido (risos). Lembro que em São Paulo, nos apresentamos em um Sesc e ficamos hospedados em um hotel que ficava bem pertinho, uns cinco minutos a pé de lá. Aí, quando nós saíamos do teatro caminhando para o hotel, passávamos por vários bares, que deixavam cadeiras na calçada e ficava um monte de gente bebendo ali. E eles nos paravam falando algo como “vocês não são os caras que estão se apresentando no teatro ali? Eu vi, eu vi!” e pagavam algumas bebidas para nós. Nós nem sabíamos português então tentávamos nos comunicar com algumas palavras em inglês, mas nos entendíamos que estavam querendo pagar bebida para nós. Quando percebíamos tinha uma roda de gente em volta e nós ficávamos só agradecendo… Aí ficavam falando “a gente tá aqui todos os dias” e insistindo “passem aqui para bebermos juntos amanhã também, sem falta, tá?”. Aí nós “combinado!”. E então voltamos no dia seguinte e tinha ninguém lá. Foi o momento que aprendi “então é assim que é a vibe brasileira”.

NJ: Quais foram as obras que vocês trouxeram aqui para o Brasil?

Rie: A primeira foi “Suna”. O título original em japonês era “Sabaku no Doubutsuen” (“Zoológico do Deserto”), mas quando era apresentado no exterior sempre foi com nome “Suna”. A segunda, foi uma obra chamada “Nuhikun”. “Nuhi” escreve com os kanji que representam “empregada”, e “kun” com o kanji que significa “mandamentos”. Então, os dois juntos significariam algo como “os mandamentos da empregada”. Essa peça foi apresentada no final do Tenjousajiki e considerada uma das obras principais do grupo.

NJ: Tem alguma frase em português que você lembra ainda?

Rie: “Cerveja por favor”. Essa frase foi a primeira e a mais importante que aprendi (risos). E “tudo bem?” e “tudo bom”, também. Essas coisas.

NJ: Espero que tenha outras oportunidades para você voltar ao Brasil.

Rie: Seria ótimo, porque o Brasil é um lugar muito bonito, pena que é sofrido para ir (risos). A viagem poderia ser mais curta.

NJ: Tem algum sonho ou objetivo que você deseja alcançar?

Rie: Sonho ou objetivo… Difícil (pensativa). Acho que até hoje eu nunca parei para pensar muito sobre essas coisas (risos). Quando eu me formei na faculdade técnica e decidi não me empregar em alguma empresa para entrar no grupo de teatro, obviamente meus pais não concordaram. Sempre perguntam né, “quem garante que você vai poder continuar trabalhando com isso?”. Mas tem nem como saber se conseguirei ou não, se eu não começar. Então só consegui responder aos meus pais, “eu não posso dizer com certeza até quando conseguirei trabalhar com isso, mas digo com convicção que vontade de continuar nunca vai faltar”. Até hoje, tive também momentos que fiquei com dúvida se eu deveria continuar nessa carreira, mas por final sempre chegava à conclusão “eu ainda quero atuar”. Continuo no mesmo grupo de teatro e atuando no palco. Também já aconteceu de eu ficar incomodada com alguns problemas internos do grupo ao ponto que, em um determinado momento, atuar acabou ficando sofrido para mim. Nesses momentos, eu sempre me perguntei “qual é a minha maior vontade?”. Mesmo que estava sofrendo naquele momento, ainda não era motivo o suficiente para que eu desistisse da atuação. Então eu me perguntava “como posso continuar? Onde eu quero continuar?” e obviamente queria continuar no grupo onde acho mais interessante. “E tem algum outro lugar que eu sinta tanta vontade de atuar?”. Não tinha outro jeito senão persistir e relevar algumas coisas, já que aqui sempre foi o lugar com as produções mais interessantes para mim. Nunca planejei algo para um futuro muito distante. Minha maior preocupação acho que sempre foi enfrentar cada obstáculo que surgia na minha frente, um por vez.

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