O dia 14 de fevereiro é especial para os casais, afinal, comemora-se o “Valentine´s Day”, internacionalmente o “dia do São Valentim”. Cada país tem um costume diferente em relação à data. No Brasil, homens e mulheres trocam presentes dos mais variados tipos: roupas, sapatos, flores e outros itens. Mas, no Japão, a tradição é um pouco diferente, pois somente as mulheres têm o costume de enviar uma lembrancinha para um colega de trabalho, amigo ou qualquer pessoa do sexo oposto. Mesmo que não tenham qualquer relação afetiva com o outro lado. E tem de ser um item específico, o chocolate.
Existem várias teorias sobre a origem dessa tradição. Uma delas é que nos anos 50 uma marca de chocolates criou uma campanha para promover seus produtos incentivando as mulheres a tomarem iniciativa e se declararem para homens, presenteando-os com um chocolate. Devido ao cenário social que movimentos feministas estavam ganhando atenção, a campanha deu muito certo. Até que na segunda metade dos anos 70, a Associação Japonesa de Cacau e Chocolate estabeleceu o dia 14 de fevereiro como “dia do chocolate”.
A variedade de “amor” – O evento que inicialmente era apenas entre casais foi se transformando conforme as mudanças da sociedade criando algumas classificações para o presente. Existem, portanto, diferentes tipos de chocolates, cada qual com seu respectivo significado:
- Honmei Choco: chocolate para o seu verdadeiro amor, namorado(a) ou cônjuge;
- Giri Choco: chocolate para colegas de escola ou trabalho como demonstração de gratidão;
- Kazoku Choco: chocolate para familiares e compartilhar momentos doces;
- Tomo Choco: chocolate para amigos mais próximos como prova de amizade;
- Gohobi Choco: chocolate para si mesmo como recompensa do esforço e dedicação do dia a dia.
- Gyaku Choco: chocolate comprado ou preparado por homens.
Curiosidade – Na enquete recente realizada pelo portal japonês OZmall, que teve respostas de 819 mulheres, 25% delas pretendem não comemorar o Valentine’s Day comprando ou presenteando com chocolates neste ano. Uma das principais justificativas foi a de que não há oportunidade de encontrar os colegas de trabalho, amigos ou mesmo namorados, pois as empresas adotaram o sistema de home office, dificultando encontros presenciais.
Algumas mulheres não gostam muito do evento por se sentirem obrigadas a presentear até a quem não quer por educação, refletindo um paradigma japonês. Mas a maioria das pessoas, não só mulheres, já aproveita dessa data para fortalecer os laços com quem realmente se importa e, principalmente, para demonstrar gratidão.
Mudança de comportamento – Mas, e os homens nessa história toda, como fazem? Mesmo eles sendo presenteados como manda a tradição, um número crescente de homens jovens no Japão dá flores como presentes de Dia dos Namorados para as mulheres. Uma mudança de comportamento bem significativa.
De acordo com uma pesquisa do Flowering Japan Council, a proporção de homens na faixa dos 20 anos que compraram flores na época do Dia dos Namorados chegou a 13% em 2020, um aumento de seis vezes em relação a 2013, quando a pesquisa começou. Isso pode sugerir que o costume na nação de mulheres que dão chocolate aos homens por volta de 14 de fevereiro está começando a mudar. Em muitos outros países, os homens dão um buquê de flores para as mulheres como presentes, de acordo com o conselho, que promove o consumo de flores.
“Muitos clientes vêm à nossa loja para comprar rosas vermelhas”, disse Yumi Yoshikawa, 32, responsável pela compra de flores na loja da Hibiya-Kadan Floral Co. mais clientes do sexo masculino. A empresa opera cerca de 190 lojas em todo o país.
Com uma variedade de flores de primavera disponíveis em fevereiro, os itens à venda na loja agora incluem variedades recém-desenvolvidas de amores-perfeitos e ervilhas. “Agora é a época mais agradável do ano, então quero que muitas pessoas venham ver nossas flores”, disse Yoshikawa.