
Na jornada de uma vida, às vezes encontramos pessoas que nos inspiram, cujas histórias de amor, determinação e resiliência nos tocam profundamente. Uma dessas pessoas que apresento nesta edição é Jamile Sugawara, uma guerreira de 41 anos que, há 29 anos, deixou sua cidade natal, Belém (Pará), para se aventurar no Japão, ao lado de seus pais de origens japonesa e libanesa.
Aos 12 anos, ela pisou em terras nipônicas em uma época em que a comunidade brasileira local ainda engatinhava, especialmente para aqueles com ascendência mista. O desafio de se adaptar a uma nova cultura, idioma e realidade era imenso. Mas Jamile teve um apoio inabalável: seus pais, que estavam sempre presentes, proporcionando atenção, amor e carinho, os pilares fundamentais para sua adaptação à nova vida.
Sua jornada tomou um rumo inesperado quando, aos 16 anos, ela se casou com seu primeiro namorado. Oito meses depois, ela se tornou mãe de Yuki, que agora tem 23 anos e é um jovem carinhoso e atencioso. Hoje, o jovem é formado em uma faculdade japonesa e segue o caminho almejado.
Entretanto, a vida de Jamile deu mais uma reviravolta quando ela deu à luz seu segundo filho, Daniel.
Aos dois anos e três meses, Daniel foi diagnosticado com autismo, na época não verbal. Essa notícia trouxe uma nova série de desafios à vida de Jamile. Seus pais haviam retornado ao Brasil, e seu marido estava frequentemente ocupado com o trabalho.
Mas Jamile não se deixou abalar. Ela mergulhou de cabeça na busca por conhecimento, realizando cursos e iniciando terapias para ajudar o desenvolvimento de seu filho. O progresso de Daniel foi notável, e um dos momentos mais emocionantes de sua vida foi quando ele começou a falar e se comunicar melhor, por volta dos três anos e meio.


Ressignificar- O autismo trouxe novos significados à vida de Jamile e sua família, e com o tempo, Daniel desenvolveu uma notável autonomia. Mas, em vez de parar por aí, Jamile decidiu ir adiante. Ela se tornou uma referência para outras mães que, ao longo do tempo, a procuraram em busca de orientação. Inspirada por seu próprio amor e dedicação, ela fundou o “Amor que Transforma”, um grupo de apoio a famílias com crianças no espectro autista. Este grupo realiza palestras, videochamadas e café-terapias, proporcionando apoio a mais de 30 famílias.
Jamile Sugawara é uma prova viva de que a resiliência e o amor podem superar as maiores adversidades. Sua mensagem é clara: deixar um legado de amor e apoio para aqueles que enfrentam os desafios do autismo.
Ela nos lembra que o amor verdadeiro pode transformar vidas e comunidades, deixando um legado de compaixão e esperança. E, ao ler sua história, somos lembrados de que, em meio a todas as incertezas da vida, o que verdadeiramente importa é o impacto que temos sobre aqueles que nos cercam.