Série Viagem: Como lidar com o excesso de bagagem na viagem do Japão para o Brasil

Retirada de bagagem no aeroporto

A bagagem é um grande problema em qualquer viagem, ainda mais porque as companhias aéreas estão sendo rigorosas no controle do peso e cobram bastante pelo excesso. Atualmente, o limite de peso por mala despachada é de 23 kg na classe econômica. Já houve uma época em que o limite era de 32 kg e cada passageiro poderia despachar duas malas, uma grande diferença. Consulte sempre os sites das companhias aéreas. As informações podem estar em português ou inglês. Há muitos sites antigos falando de turismo, mas que estão bastante desatualizados. Depois do período da pandemia, quando as companhias aéreas acumularam prejuízos por causa das restrições, tudo mudou para pior em relação aos passageiros. Cabe agora ao passageiro tomar muito cuidado em se preparar para a viagem, e distribuir o peso entre as malas, além de outros cuidados que falaremos a seguir.

O correio não é mais opção

Estudantes brasileiros, depois de um curso ou estágio no Japão, geralmente despachavam para o Brasil pelo correio livros, sapatos e roupas usados. Foi o que fez a estudante Graziela para retornar de uma bolsa de estágio de três meses no Japão. Ela foi a uma agência postal no Japão e endereçou para si próprio uma caixa com muitos livros e algumas peças usadas de roupa. Escreveu como remetente o nome do seu professor e o endereço da universidade.

Passaram-se quase dois meses, mas não recebeu nenhum aviso dos Correios no Brasil. Foi consultar a empresa e constatou que a sua caixa foi enviada de volta para o Japão como se não tivesse encontrado o destinatário. Graziela mora com a família no mesmo endereço faz muitos anos, recebe correspondências normalmente e sabe que nesses dois meses sempre teve alguém em casa.

Essa caixa realmente voltou para a universidade e o seu ex-professor não sabia o que fazer, mas um ano depois, resolveu remeter novamente. Dessa vez, a Graziela recebeu o aviso dos Correios no Brasil, mas com uma surpresa desagradável: estavam cobrando uma taxa alfandegária do conteúdo da caixa, quando não existe imposto de importação para livros e roupas velhas da própria pessoa. E a taxa era salgada: R$ 1.600. Como chegaram a esse valor?

Para resolver, a Gabriela registrou reclamação nos Correios e conseguiu diminuir para R$ 17 a taxa, o que é uma vitória surpreendente, mas ainda assim não deveria ter. Através de convênio internacional, as agências postais do mundo inteiro (ou quase) cobram a tarifa somente no local da remessa.

Problema semelhante teve Lenildo. Morando no Japão, recebeu um pedido de um amigo de São Paulo, que queria um tabi, uma espécie de meia usada para apresentação de dança japonesa em palco, uma coisa tão específica, que só existe no Japão. Era uma caixa pequena, e ele remeteu pelo correio. A caixa não foi entregue e voltou. Ele resolveu enviar novamente, e mais uma vez, a caixa retornou sem que o destinatário sequer fosse avisado.

Luzia recebeu doação de roupas usadas do Japão. Os doadores enviaram em duas caixas para o Brasil no mesmo dia. Uma das caixas chegou, mas a outra retornou ao Japão sem qualquer aviso.

Não havia mais remessa marítima para o Brasil, e essa seria uma opção barata, e nem mesmo a encomenda SAL, que é aquela que aproveita os voos quando disponíveis, e, por isso, demora mais, mas é mais em conta. Todas as remessas de até 30 kg do Japão para o Brasil seguem na modalidade de EMS, que é a mais cara das categorias, mas, em princípio, deve chegar em 14 dias. O custo do EMS é igual, tanto para livros ou para qualquer mercadoria, valendo apenas o seu peso. Atualmente, para enviar pelo correio de Tóquio para o Brasil, o custo para uma caixa de 10 kg é de 29.700 ienes (190 dólares americanos). Não é barato, mas era prático ao estudante ir remetendo pelo correio livros e folhetos que não vai precisar mais. Agora não dá mais para considerar essa opção e ele terá que voltar com suas bagagens no seu voo.

Malas boas ou malas baratas?

Normalmente, os brasileiros voltam com muita bagagem da viagem internacional porque muita coisa pode ser mais barata no exterior se comparado com os preços praticados no Brasil. Particularmente, na volta de viagem do Japão, sempre há muitos produtos interessantes, novidades tecnológicas e presentes para os amigos, coisas que não existem no Brasil. Comprar é fácil, mas o problema é trazer de volta.

Mala plastificada

Se precisar comprar uma mala nova, pense antes. Uma mala grande e boa da Samsonite custa 140 mil ienes (891 dólares), mas você pode comprar na rede D.Kelly uma mala grande por 7.590 ienes (48 dólares). É claro que uma dura muito mais que a outra e é cheia de bolsos e recursos práticos, além de ser bonita. Agora, o importante é pensar no peso de uma mala. Você tem 23 kg por mala, então, se pegar uma mala que pesa 8 kg, só vai lhe restar 15 kg de bagagem. Deve-se levar em conta que aquele serviço de envelopamento de mala que tem nos aeroportos (custo médio de 30 dólares em São Paulo, é mais barato no Japão), também aumenta o peso da mala em 250g, além de cintos e tags para identificar sua bagagem.

Balança de mão

É muito prático adquirir uma balança de mão para pesar as malas antes de embarcar. Assim, dá para distribuir seu peso e evitar pagar excesso de bagagem. O hóspede pode pesar a mala na balança da recepção do hotel em que está hospedado, mas é incômodo ficar levando cada mala até a recepção. Nos principais aeroportos internacionais do Japão também existe uma balança disponível para essa finalidade.

Aeronave descarregando bagagem

Limites de peso por mala

Cada empresa adota um critério, portanto, deve-se atentar para isso se informando com seu agente de viagens, ou se está adquirindo a passagem diretamente no site da empresa aérea ou nos sites de empresas como Decolar ou Booking, procure se informar sobre os limites estipulados de peso da bagagem e a quantidade permitida por pessoa. Há também o limite nas medidas da mala, que são calculadas somando comprimento + largura + altura da mala. Convém ver esse detalhe antes de comprar a mala.

Por exemplo, a Emirates considera 150 cm como limite do tamanho da mala incluindo as rodas, se tiver. Quantas malas? Se você estiver viajando na classe econômica com a menor tarifa dessa empresa, terá direito a apenas uma mala de 23 kg. Na classe econômica, mas com uma tarifa um pouco maior, terá direito a duas malas de 23 kg. A empresa cobra, para passageiros para as Américas (inclusive Brasil), a tarifa de US$ 75 se ultrapassar os 23 kg, e sua mala só pode ter no máximo 32 kg. E, se você estiver despachando uma mala a mais, essa terá que ter até 23 kg e você pagará US$ 250 dólares. Se fizer o pagamento e reserva via site poderá ter um desconto bom.

A JAL permite duas malas de 23 kg e com medidas totais de até 203 cm. Se tiver que levar uma mala além dessas, a empresa cobra USD 200 no local, mas, se você pagar em iene, tanto faz se em dinheiro ou com cartão, irá pagar um valor menor por causa do câmbio de quando eles criaram essa tabela. Estão cobrando 20.000 ienes, que é bem menor que US$ 200. No caso de excesso de peso de uma mala, o preço cobrado é de 10.000 ienes pelo excesso com qualquer peso até atingir 32 kg. Acima disso, sobe para 60 mil ienes e pode carregar até 45 kg. Nota: tabela de 1º/1/2025. Isso pode mudar rapidamente, consulte sempre antes.

A JAL não tem voo direto para o Brasil, então, será um voo composto com a American fazendo o percurso entre Estados Unidos e Brasil. Nesse caso, se você comprou a viagem inteira junto (São Paulo a Estados Unidos e Estados Unidos a Japão), a regra do limite da bagagem será igual para os dois trechos, ou seja, se você embarcou no voo da JAL, não precisará se preocupar com excesso de bagagem no segundo trecho da viagem, embora, geralmente nos Estados Unidos, o passageiro terá que pegar a mala na esteira e fazer o procedimento alfandegário nos Estados Unidos, mesmo que não vá sair do aeroporto.

O procedimento é semelhante nos voos da ANA, fazendo o primeiro trecho que começa no Japão e a United fazendo a outra metade. Esses voos via Estados Unidos requerem uma inspeção alfandegária, e, além disso, é necessário ter o visto americano, que é caro. Em alguns voos da JAL/American, entretanto, as malas são transportadas direto de um avião para o outro, sem ter a necessidade de retirar na esteira e passar pela alfândega nos Estados Unidos. Consulte seu agente de viagens ou a JAL.

Na Latam, que faz conexão com a Qatar e com a JAL para chegar ao Japão, é permitida uma mala despachada de 23 kg, e uma mala pequena de 12 kg e um item pessoal na cabine, nos voos mais baratos. Essa regra vale quando o voo inicial é pela Latam. A mala que pesar mais de 23 kg, vai pagar US$ 100, até o limite de 32 kg. E a mala que ultrapassar o limite de 158 cm, vai pagar mais US$ 125. Se quiser adicionar mais uma mala de 23 kg, a tarifa será de US$ 200. É preciso atentar que todas as empresas aéreas cobram mais de bagagens fora do padrão, tipo prancha de surfe. Os valores variam pelo critério de cada empresa.

As bagagens de mão podem pesar de 7 kg a 10 kg dependendo da companhia. Note que há restrições quanto ao conteúdo da bagagem, tanto para a mala que vai na cabine junto com o passageiro como para a mala despachada.

Aeronave por dentro

Outras considerações antes da viagem

Os voos com mais escalas podem ser mais baratos, porém, vai significar uma viagem mais longa. Se uma viagem para o Japão, considerando o tempo parado no aeroporto de conexão, deve passar de 27 horas, adicionar mais seis horas por conta de uma parada a mais pode ser muito cansativo. Sem contar com os aborrecimentos das alfândegas e filas para entrar e sair, além do risco maior de extravio ou danos às suas malas. Se desejar conhecer mais um aeroporto pelo caminho, aí pode ser interessante, mas fora isso só vale a pena se o preço compensar. De qualquer forma, na viagem de ida, é bom considerar distribuir as roupas entre suas malas, para não ter que ficar sem roupa para trocar no local de chegada, caso alguma de suas malas seja extraviada no caminho. Se estiver viajando acompanhado, procure colocar algumas peças suas na bagagem do companheiro(a) e vice-versa.

Nos voos internos de qualquer país, as regras são diferentes dos voos internacionais e o limite da quantidade e peso das malas certamente será menor. Em empresas consideradas de baixo custo, muitas vezes, nem há possibilidade de despachar uma mala sem custo. Assim, se estiver viajando, por exemplo, saindo via aérea de Hokkaido até o aeroporto de Narita, vale a pena mandar as malas excedentes pela transportadora chamada genericamente de takuhaibin. É só marcar o terminal do seu voo em Narita e o número do voo no formulário. Depois, é só passar e retirar no local indicado antes de seu embarque. Existem opções além do takuhaibin e que cumprem bons serviços, mas falaremos disso nas próximas matérias.

Depois de tomar alguns cuidados iniciais para não se estressar depois, é só aproveitar a oportunidade. Uma boa viagem! (Francisco Sato)

Links que podem interessar para quem vai viajar ao Japão:

JAL – bagagem despachada: https://www.jal.co.jp/jp/en/inter/baggage/checked/
ANA – bagagem despachada: https://www.ana.co.jp/en/es/travel-information/baggage-information/checked-baggage/
Emirates – bagagem despachada: https://www.emirates.com/br/portuguese/before-you-fly/baggage/checked-baggage/
Qatar – bagagem despachada: https://www.qatarairways.com/pt-ao/baggage/allowance.html
Latam – bagagem despachada: https://www.latamairlines.com/br/pt/experiencia/prepare-sua-viagem/bagagem/bagagem-despachada
Turkish – bagagem despachada: https://www.turkishairlines.com/pt-br/any-questions/free-baggage/
Air Canada – bagagem despachada: http://www.aircanada.com.br/beta/info/default.aspx?pageid=18

Turismo no Japão – site da Japan National Tourism Organization – https://www.japan.travel/pt/br/
Assuntos culturais em português: https://www.culturajaponesa.com.br/

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