Segundo governo japonês, oito mil crianças estrangeiras estão fora da escola no país

Custos mensais podem ser um dos motivos, além do histórico de diferença entre cultura e bullying

Uma recente pesquisa apresentada pelo governo japonês, apontou que um total de 8.183 crianças de nacionalidades estrangeiras que residem no Japão não estão matriculadas no ensino primário ou ginasial desde maio do ano passado.

Segundo o Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia, esses números correspondem a cerca de 6% de todas as crianças estrangeiras que são elegíveis para educação primária e ginasial no Japão.

Embora o número de tais crianças tenha caído 18,5% dos 10.046 na pesquisa anterior conduzida no ano escolar de 2021, o ministério disse que mais esforços são necessários para melhorar a situação.

A pesquisa ouviu cerca de 1.741 conselhos municipais de educação a nível nacional sobre matrículas escolares desde 1º de maio de 2022.

Diferença Cultural e gastos – A brasileira Roseli Obara, 34 anos, em entrevista ao Nippon Já, disse que os gastos iniciais são muitos e pesa para quem tem filhos em idade escolar no Japão.

“Não tem mensalidade, mas temos gastos mensais e no começo são muitas coisas para comprar, tem que ser o que eles querem, não pode ser qualquer um”, disse.

A filha de Obara, com 14 anos, ingressou este ano no ensino médio (koukou gakuen), em uma escola pública japonesa, apesar de não ter mensalidade, os gastos iniciais são exorbitantes e considerados caros pela brasileira.

“São gastos com uniformes para cada estação do ano, uniforme de taiko, tênis, o chinelo, material didático, bicicleta que no meu caso são 2 ( algumas escolas exige bike específica, algumas tem o custo acima de 100 mil) não foi meu caso , só exigiu mesmo o modelo  e capa de chuva, que tem modelo específico, tem capa que custa mais de 10 mil ienes, a mochila específica também da escola e o pagamento de um valor na entrada”, explicou Obara.

De acordo com a brasileira residente na província de Aichi, além dos gastos iniciais há também os gastos mensais, como o obentô e o transporte, que varia de acordo com a distância entre a moradia e a escola.

“No meu caso comprei já para três meses e tive um bom desconto”, declarou.

Segundo Obara, esses gastos podem contribuir para que muitos filhos de estrangeiros estejam fora das escolas.

“É um gasto muito alto, que pesa no orçamento de uma família com mais de um filho. Eu no total gastei 300 mil ienes de uma só vez”, explicou.

A diferença cultural e a fama de bullying nas escolas japonesas também refletem nessa evasão escolar. Segundo o governo, o trabalho deve ser ampliado para que o número de crianças em idade escolar diminua cada vez mais. 

A filha de Obara no primeiro dia de aula

Silvio Mori

spot_img

Relacionados

Destaques da Redação

spot_img