
Com as fotos de Takashi Morita e Sadako Sasaki em mãos, ela declara: “O ativismo pela paz não foi em vão”
No dia 10 de dezembro, em Oslo, Noruega, foi concedido o Prêmio Nobel da Paz à Confederação Japonesa de Organizações de Vítimas de Bombas A e H (Hidankyo), que defende o desarmamento nuclear. Entre as 30 pessoas que participaram da cerimônia e das atividades dessas organizações estava Junko Watanabe (82 anos), sobrevivente de Hiroshima que atualmente vive no Brasil. Ela segurava as fotos de Takashi Morita, que faleceu em agosto deste ano, e de Sadako Sasaki, a menina modelo da famosa estátua “Criança da Bomba Atômica”, para homenageá-los.
A cerimônia de premiação aconteceu às 9h do dia 10, com a presença de 1.000 pessoas, incluindo o Rei Harald e a Rainha Sonia da Noruega, o Príncipe Herdeiro Haakon e a Princesa Mette-Marit, além de autoridades municipais, governamentais, parlamentares e diplomatas. O evento foi realizado na Prefeitura de Oslo, e durou cerca de uma hora.
Em entrevista por telefone na manhã do dia 16, Junko Watanabe comentou: “O Prêmio Nobel da Paz foi concedido aos sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki em todo o mundo. A cerimônia foi maravilhosa e fez com que eu sentisse que as atividades pela paz que realizamos não foram em vão”. Ela relatou que os dias seguintes à cerimônia foram cheios de compromissos, e ela retornou ao Brasil na manhã do dia 13, ainda se recuperando do jet lag.
Watanabe acrescentou: “Entrei em contato com a família de Morita-san para saber qual foto dele gostariam que eu levasse à cerimônia, e levei essa foto. Se ele estivesse vivo, Morita-san deveria ter estado presente na cerimônia. Mesmo após sua morte, eu estive ao lado dele em todas as nossas lutas, e sei profundamente o desejo dele de abolir as armas nucleares. Por isso, levei a foto de Morita-san e também a de Sadako Sasaki, que tem a mesma idade que eu e foi a modelo da estátua ‘Criança da Bomba Atômica’ no Parque Memorial da Paz de Hiroshima”.

Morita fundou a Associação Brasileira de Sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki (atual Associação Hibakusha Brasil pela Paz) em 1984 e, como presidente, continuou a lutar pela eliminação das armas nucleares até sua morte, em 12 de agosto deste ano, aos 100 anos, devido a causas naturais. Sadako Sasaki, vítima da bomba atômica em Hiroshima, faleceu de leucemia aos 12 anos.
Watanabe enfatizou: “Não estou representando uma organização brasileira, mas sim como uma membro da Hidankyo, como sobrevivente. A mesma causa pela qual lutamos no Brasil é a causa da Hidankyo. Renovei a resolução de continuar com mais força o movimento para um mundo sem armas nucleares”.
Ela também compartilhou sobre o clima em Oslo, onde, no dia da cerimônia, o sol nasceu às 9h e se pôs às 15h30. “A noite é muito longa e o frio, congelante. De tanto frio parecia cortar a pele, para quem veio do Brasil, mas a calorosa recepção da cidade aqueceu meu coração”, contou.
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