A Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil), em colaboração com a Japan International Cooperation Agency (Jica), promoveu, no dia 22 de outubro, um evento especial de plantio no Parque Ecológico do Tietê, na zona Leste da Capital, para celebrar o sucesso da implementação do projeto de combate às inundações da Região Metropolitana de São Paulo entre 1995 e 2006 por meio da cooperação financeira da Jica com os recursos da Assistência Oficial para o Desenvolvimento (ODA) do governo japonês.
Na época, houve um financiamento de quase US$ 500 milhões para execução de obras. O resultado foi a melhoria do escoamento de 66 afluentes do rio, contribuindo para a redução de enchentes e estabilização do fornecimento de água para a população. A conclusão aconteceu em duas fases:
- Fase 1: melhoria hidráulica do Rio Tietê (da Barragem Edgard de Souza até Pinheiros), do Rio Cabuçu de Cima (do ponto de encontro entre Rio Cabuçu de Cima e Rio Tietê) até a ponte Três Cruzes, e construção dos Reservatórios de Biritiba e Paraitinga.
- Fase 2: melhoria hidráulica do Rio Tietê (do ponto de encontro com Rio Pinheiros até a Barragem de Penha), melhorias próximas à Barragem Pirapora.
Entre 2023 e setembro de 2024, o Parque Ecológico do Tietê recebeu um investimento de quase R$ 18 milhões para diversas melhorias em áreas verdes, limpeza, vigilância, educação ambiental e manutenção, além da aquisição de novos equipamentos para lazer e esporte. A ação reafirma o compromisso do Governo de SP com a sustentabilidade e a preservação ambiental, promovendo um legado muito importante para as futuras gerações.
Estiveram presentes no plantio a secretária estadual de Meio Ambiente, Natália Resende; a cônsul geral Adjunto do Japão, Chiho Komuro; o representante chefe da Jica Brasil, Akihiro Miyazaki; a representante sênior da agência japonesa, Reiko Kawamura; a presidente e o vice da Abjica (Associação dos Bolsistas Jica-SP), respetivamente, Nani Venâncio e Fabio Maeda; o presidente do Conselho Deliberativo do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, Jorge Yamashita; o subsecretário de Meio Ambiente, Jônatas Souza da Trindade; o Diretor de Gestão Administrativa do Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), Nelson Nashiro e o presidente da Comissão Bunkyo Rural / Prêmio Kiyoshi Yamamoto, Nelson Kamitsuji, entre outros.
Bosque – Durante o evento, foram plantadas 145 mudas, sendo 45 cerejeiras, árvore-símbolo do Japão, e 100 mudas de espécies nativas da mata atlântica. A iniciativa destaca a importância da preservação das margens do Rio Tietê e reforça a continuidade da parceria entre o Governo de SP e a Agência de Cooperação Internacional do Japão – Representação no Brasil.
O plantio, que implementou o Boque das Águas Brasil-Japão, contribuirá também para alcançar o Objetivo 6 (água potável e saneamento) e 3 (ação contra a mudança global do clima) das ODSs.
Para o subsecretário estadual do Meio Ambiente, Jônatas Souza da Trindade, o plantio é “uma oportunidade única de interagirmos e mostrarmos essa relação entre o Brasil e o Japão”. Segundo ele, o Parque Ecológico Tietê era uma área degradada que foi recuperada contribuindo para a recuperação ambiental da região. “Plantar árvores e restaurar as áreas é um ponto bastante importante para nós”, destacou Jônatas, explicando que “a oportunidade de recebermos esse plantio gera um simbolismo fantástico no sentido de entender a amizade do Brasil e do Japão nessa colaboração”.
Segundo Jorge Yamashita, a cerejeira representa “o espírito japonês que nós herdamos e que estamos conservando”. Ele lembrou que em 2025 será comemorado os 130 Anos do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação Brasil-Japão, acordo que preparou o terreno para que em 1908 desembarcasse no porto de Santos a primeira leva de imigrantes japoneses. “E tudo isso graças ao acolhimento que o Brasil teve para com os nossos antepassados, que puderam desenvolver o trabalho deles nessa terra”, afirmou.
Para Nani Venâncio, presidente da ABJICA, “participar de um projeto como esse, de plantio, tem muito a ver com os princípios que a ABJICA tem”. “Nós temos uma veia importante na área ambiental, temos muitos bolsistas que trabalham muito nessa área e para nós é uma honra estarmos aqui nesse parque, que tem uma proposta tão linda de inclusão da comunidade”, ressaltou.
Cooperação – Representante chefe do Escritório da Jica no Brasil, Akihiro Miyazaki iniciou sua fala explicando que a Jica é a agência de cooperação internacional do governo japonês e que tem um longo histórico de cooperação com o governo do Estado de São Paulo em várias frentes, como a gestão de desastres naturais, segurança pública, saneamento básico, saúde e hospitalar.
Segundo ele, essas cooperações são executadas por meio de várias modalidades, como cooperação financeira e cooperação técnica entre os dois países, além de cooperação técnica envolvendo ainda um terceiro país.
“As enchentes e inundações danificam e prejudicam a infraestrutura urbana, além de causar diversos transtornos como riscos de infecções aos moradores das áreas atingidas, afetando a população. Este projeto, realizado entre a Jica, o Governo do estado de São Paulo e o DAEE, resultou no rebaixamento da calha do rio Tietê. Como resultado, houve uma grande redução de enchentes e estabilização do fornecimento de água à população”, destacou Miyazaki, lembrando que no próximo ano o Brasil sediará a COP 30 – Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas.
“O nosso planeta está enfrentando vários desafios climáticos e esperamos reforçar a colaboração e a parceria com o Estado de São Paulo nas questões ambientais, por meio da Semil”, disse o representante chefe da Jica Brasil.
Já a cônsul Chiho Komuro reforçou a importância do projeto que “contribuiu significativamente para deter as inundações do rio Tietê na região metropolitana”.
Conexão – Para a secretária Natália Resende, “ao plantarmos essas árvores, fortalecemos muito essa conexão entre o Brasil e o Japão”. “Além do nosso compromisso com a recuperação das margens do Rio Tietê, estamos plantando sementes para um futuro mais verde e sustentável. Essas árvores serão um símbolo da nossa parceria e da esperança em um mundo melhor”, disse Natália Resende, acrescetando que a JIca é parceira em vários projetos.
Sobre o plantio, a secetária explicou que “a gente fica muito feliz de fazer um plantio como esse, não só pelo ato em si, mas pelo simbolismo, pela mensagem e pela representatividade que isso tem para o Estado de São Paulo”.
Para a secretária, a restauração é um dos carros-chefe de sua pasta por sua importância, seja na parte de mitigação, de sequestro de carbono, seja da melhoria dos nossos cursos d’água, seja do meio ambiente, seja da interação da sociedade, da correspondente valorização que nós precisamos ter com o meio ambiente.
Antes do plantio, os convidados puderam acompanhar duas tradicionais cerimônias japonesas: o kagami biraki e a cerimônia do chá. O kampai foi conduzido pelo vice-presidente da ABJICA, Fábio Maeda.
Sobre o Parque – Inaugurado em 1982 e com mais de 1.400 hectares, está localizado na Zona Leste de São Paulo. Além de preservar fauna e flora da várzea do rio Tietê, o parque proporciona uma série de atividades culturais, educacionais, recreativas, esportivas e de lazer, recebendo mais de 330 mil visitantes todo mês. Principais atrações: Centro de Educação Ambiental, Centro Cultural, Museu do Tietê, biblioteca e Centro de Recepção de Animais Silvestres, que abriga 2 mil animais apreendidos ou doados.
(Aldo Shiguti)