
O destino, por vezes, nos ensina da maneira mais improvável possível. Foi assim, por exemplo, com Kaori Sakamoto, cuja trajetória de vida é marcada por desafios, superações e uma determinação admirável.
Aos 49 anos, ela nasceu em Tome-Açú, no Pará, mas atualmente está a milhares de distância da “terrinha”, pois reside em Komaki-Shi, Aichi-ken, no Japão.
Sua jornada no Japão começou há 33 anos, quando visitou o país pela primeira vez em 1988. A segunda visita ocorreu em 1990, mas foi em 2000 que Kaori decidiu se estabelecer definitivamente no Japão. A mudança foi motivada pela vinda de seu pai como dekassegui, sendo ela colocada em uma escola japonesa, mesmo sem dominar completamente o idioma.
Kaori viveu grandes experiências em Kumamoto-Ken, onde conviveu com seu avô paterno e a família de seu tio japonês. Foi nesse ambiente que aprendeu o japonês, imersa na cultura local. Sua mãe e irmãos se juntaram a ela em Gifu/Minokamo após três anos.
A brasileira iniciou sua carreira na Agência de Turismo, prestando assessoria a brasileiros e estrangeiros. Posteriormente, com seu marido, fundou uma empresa de serviços e assessoria, especializada em tradução e interpretação, além de fornecer assistência no aeroporto para agências de turismo.
Mas nem tudo foram “flores” na jornada. Casados por 26 anos, ela conta que o marido Claudio certo dia ele sumiu e depois de semanas a polícia encontrou o corpo dele dentro do carro. Causa da morte: envenenamento por dióxido de carbono. “Foi a pior época da minha vida. Aqui no Japão trabalhamos muito, o estresse é grande. Trabalhei, por exemplo, por três anos e meio num depósito de separar as caixas de banana, batata, cenoura e verduras, cuja jornada era das 21 às 2 horas da manhã. Fiz isso durante um tempo para aumentar a renda e sustentar os meus 5 filhos sozinha e pagar a dívida que o meu marido deixou”, relembra.
Com coragem, Kaori enfrentou as adversidades e destaca a importância de lidar com as situações difíceis. Aprendeu que, muitas vezes, a resolução dos problemas está na forma como encaramos a realidade. Atualmente, os filhos têm entre 10 e 21 anos. Ela destaca a importância de viver o presente e incentiva seus filhos a perseguirem seus sonhos, concluindo os estudos e desfrutando de uma vida saudável, tanto física quanto mentalmente.
Atualmente, ela desempenha o papel de tradutora e consultora na prefeitura de Komaki, contribuindo para a convivência multicultural. Além disso, ela integra uma empresa de rede multinível focada em produtos de saúde e beleza, bem como participa de um grupo de ajuda mútua na comunidade para ajudar ao próximo.
“Quero que todos os meus filhos terminem os estudos para realizarem os sonhos, fazerem o que gostam com saúde, tanto física e mental. Afinal, nós temos sempre somente o ‘hoje’ para viver”, reflete.
