Para fugir de lockdowns, chineses com maior poder aquisitivo buscam o Japão como opção de moradia

Com a variante Ômicron que se espalhou rapidamente e fez o governo chinês endurecer nas medidas restritivas, a saída encontrada por muitos chineses com um alto poder aquisito foi buscar mudar de país. E nessa “vontade” de migrar, países como Japão surgem como uma boa opção.

Um trend nas redes sociais, inclusive, chamou a atenção para o fenômeno: “rùn xué”, que é a palavra usada para expressar essa vontade de sair do país. Com a pronúncia igual da palavra inglês “run” (que significa correr), os chineses usam essa palavra para buscar conhecimentos e dicas de como morar fora do país.

No mês de março, o site de busca chinês Baidu e o aplicativo de mensagem WeChat tiveram um aumento na busca da palavra “imigrante”. Segundo o WeChat, no dia 3 de abril, a busca pela palavra foi mais de 50 milhões. Segundo levantamentos, de cada 30 chineses, um pensava em sair do país. Um dos motivos apontados seria que nesse mesmo dia, o governo chinês anunciou que continuaria com a política zero de covid no país, gerando indignação nas pessoas.

Esse desconforto tem aumentado especialmente em Xangai, mesmo após o governo local flexibilizar as medidas, após várias semanas de confinamento. Com uma população de 26 milhões, a metrópole é uma das maiores do mundo e mesmo a cidade sendo um modelo no combate ao vírus, nem os próprios cidadãos chineses conseguem aguentar mais a política de fechamento.

 

Os lugares mais procurados pelos chineses para se mudarem foram Estados Unidos, Canadá, Austrália, Inglaterra, Singapura e Malásia. Pelo fato de não ser um país de língua inglesa ou de imigrantes, o Japão não se encontrava na lista, mas a procura pela moradia no país por chineses vem aumentando. Um dos motivos para tal procura seria a dificuldade de cidadãos chineses entrarem nos país citados. Singapura, por exemplo, é necessário investir 7 milhões de dólares para ter o visto de investidor aprovado. Já países como Inglaterra, em fevereiro deste ano, paralisou com os procedimentos para receber imigrantes. E a Austrália já fechou a sua cota de pedidos para chineses.

Os vistos japoneses mais pedidos são de: intercâmbio, empresário e mão de obra qualificada. Com o visto de empresário sendo o mais requisitado, muitos pensam em abrir uma empresa. Para isso, a pessoa precisa de mais de 5 milhões de ienes (cerca de 38,5 mil dólares) para investir, um escritório no Japão e uma moradia. Posteriormente, se a pessoa pagar todos os impostos corretamente, ela pode renovar seu visto sem nenhum problema, podendo até pedir um visto de permanência.

A procura de chineses pelo Japão sempre existiu, mas, recentemente, houve uma mudança no perfil dos interessados. Pessoas com alta escolaridade, boa renda, acadêmicos, médicos, pessoas com poder aquisitivo maior têm procurado o país. As explicações para isso seriam: a curta distância de viagem; a cultura e os costumes, por não serem tão diferentes como nos países não asiáticos; e a boa imagem que o Japão tem.

Um chinês que “fugiu” de Xangai disse, durante o caminho para o aeroporto, que não viu uma pessoa na rua. Quando entrou no aeroporto, todo mundo trabalhava com roupa branca e não tinha absolutamente nada aberto. Ao desembarcar no aeroporto de Narita, viu a diferença entre os dois países, com todo mundo trabalhando com roupas normais e lojas abertas. “Quando eu cheguei no Japão, parecia que eu tinha voltado para o mundo humano”, disse ele.

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