
Em entrevista exclusiva ao Nippon Já, o vocalista Ryo relembra os 20 anos de estrada, fala sobre atual momento da banda e manda um recado aos brasileiros: “Enquanto estivermos em atuação, gostaríamos de ir um dia ao Brasil. Então, por favor, esperem. Iremos ao Brasil”
(Por Lika Shiroma / Transcrição da entrevista: Tiago Uehara)
Falar sobre artistas japoneses é sempre um grande desafio. Não apenas pela distância que separa ambos os países, mas também pela questão cultural e mercadológica, pois pouquíssimos nomes possuem materiais lançados por aqui, portanto, o Brasil é um mercado bem tímido perante as gravadoras e agências musicais japonesas. Todavia, com o avanço da tecnologia, esse caminho que era tão longo foi encurtado, seja através dos serviços de streamings, vídeos no YouTube ou mesmo pelos sites oficiais que hoje qualquer pessoa independente da localidade consegue acessar e obter infos sobre seus ídolos preferidos.
Com o Orange Range, formado pelos vocalistas Ryo, Hiroki e Yamato, o guitarrista Naoto e o baixista Yoh, a situação segue esse mesmo roteiro, mas com uma trajetória que foge um pouco do convencional. Assim como a própria banda, que sempre surpreendeu pela criatividade ousada em suas composições. A banda, uma das mais carismáticas do showbusiness nipônico, ganhou força em território brasileiro em 2003, quando emplacou o single “Viva Rock” no animê Naruto. Para os fãs do jovem ninja da época (e até os da geração atual, pois o desenho segue no top 5 dos animês preferidos), a canção vive nas playlists até hoje, sendo bastante conhecida pelo público. Já no ano seguinte, a banda alcançou um outro patamar, pois o single “Hana” fez parte do filme “Ima, Ai ni Yukimasu”. Era o momento em que o Orange Range conquistaria não apenas os japoneses, como os brasileiros também, pois o público – ávido pelos lançamentos no arquipélago – buscavam produções cinematográficas e musicais do Japão. O “boom” do J-Pop (a música pop japonesa) junto aos brasileiros, inclusive, deve-se ao próprio Orange Range, pois suas canções agradavam os roqueiros (com um som de guitarra pesado), os otakus (por terem um tema em Naruto), as mulheres (com letras românticas no caso de “Hana”) e até mesmo a turma do hip hop (devido às inserções de letras no estilo no meio das músicas). Essa diversidade musical, aliada à sinergia entre os músicos, transformou o grupo em super astros, com shows lotados e incontáveis turnês para divulgarem sua arte.
Agora, praticamente 20 anos após o início da jornada, o Orange Range vive um outro momento: um amadurecimento musical que reflete diretamente no som do grupo. Ainda estão lá todos os elementos citados anteriormente, porém com a dosagem extra de experiência, vivência, influências e outros “temperos” que apenas o tempo consegue agregar. “Como somos uma banda formada por amigos, todas da mesma cidade, acredito que essa proximidade ajudou para que conseguíssemos chegar até onde estamos hoje”, acredita o vocalista Ryo, sobre o segredo para se chegar tão longe com a banda.
É bastante comum também o retorno às raízes, em termos musicais, de bandas tão longevas. E os músicos do Orange Range foram fundo nisso, inclusive, pois acabam de lançar “OKNW.ep”, uma homenagem à província de Okinawa, da qual todos os integrantes vieram. Ryo explica que uma série de fatos “coincidiram” com a produção do EP, como a comemoração dos 50 anos que Okinawa retornou ao Japão e o fato da emissora de televisão japonesa NHK de Okinawa convidar a banda para produzir uma música tema para o evento. “Foi tudo no timing perfeito em que já estávamos programando o lançamento de um novo CD. Senti como se estivesse predestinado, uma coisa foi atraindo a outra”, explica o vocalista.
No bate-papo com o Nippon Já, Ryo fez um passeio pela carreira, relembrando fatos marcantes durante a jornada, falou sobre suas influências musicais, traçou um paralelo sobre o mercado fonográfico de 20 anos atrás com o cenário atual, contou sobre a forte influência okinawana nas composições e surpreendeu ao falar sobre o Brasil. “O que mais gostaria de dizer aos descendentes de Okinawa que residem aí no Brasil é que nós que moramos em Okinawa sabemos da sua existência e a sua história tem encorajado todos nós”, destacou ele, fazendo, inclusive, uma promessa: “Iremos ao Brasil”.
Confira a entrevista:
Nippon Já: O Orange Range é um nome muito influente e icônico da música japonesa. São anos de estrada, com shows lotados, discos de sucesso e uma abrangência de público que varia desde a geração mais nova até os mais velhos. Na sua opinião, a que se deve esse sucesso tão grande em gerações tão distintas?
Ryo: Sempre tivemos o cuidado de produzirmos nossas músicas com naturalidade e nos apresentarmos nos shows como realmente somos. Acredito que o público pôde interpretar esse nosso sentimento, nos tornando mais próximos de cada um. E era isso o resultado que esperávamos, que é importante para nós. Acho que se fosse de outra forma, acabaríamos sofrendo mais para frente. Então isso é positivo não só para os fãs, como também para nós da banda. Sinceridade e naturalidade em todos os trabalhos. Todos mesmo, não somente nos shows. Foi nisso que empenhamos.
Nippon Já: A banda completa, neste ano, seus 20 anos de trajetória. Olhando para trás, quando vocês começaram e faziam covers de outros grupos, você imaginava que o Orange Range duraria tanto tempo e conquistaria milhões de fãs não apenas no Japão, como em outros países? Qual o balanço que você faz de todos estes anos na estrada?
Ryo: Quando formamos a banda éramos todos estudantes ainda, começamos na área musical como se fosse parte da atividade recreativa. Então nunca imaginávamos sair de Okinawa, muito menos ganhar reconhecimento de países a fora. Quando percebemos que as nossas músicas chegavam ao ouvido de tantas pessoas, sinceramente ficamos um pouco assustados. Mas acredito que trabalharmos sempre com sinceridade e naturalidade, como falei anteriormente, nos ajudou a mantermos a calma e primeiro focarmos com o que estava no nosso alcance. Aí conforme o tempo, conseguimos acostumar e levar tudo com tranquilidade. Para termos conseguido superar tudo isso, não deixamos de compartilhar nossos sentimentos, e até hoje fazemos isso. Por exemplo, “acho que o tal membro está um pouco afobado, então vou tentar conversar com ele”. Desde o início da nossa carreira conseguimos trabalhar dessa forma. Como somos uma banda formada por amigos, todos da mesma cidade, acredito que essa proximidade ajudou para que conseguíssemos chegar até onde estamos hoje.

Nippon Já: Quando foi que você parou e pensou: “nossa, realmente estamos muito grandes em termos de popularidade”? E, aproveitando, pode destacar os momentos mais marcantes para você durante a trajetória?
Ryo: Quando participamos de um festival de rock. Diferentemente de um show individual só nosso que quem vem assistir é só gente que já gosta da nossa banda, um festival ou evento grande assim, vem gente que não é só nosso fã. Então me recordo que a vibração e a recepção desse público ficavam maior a cada edição que participamos. Quando notei que os braços da pessoa que estava nas últimas fileiras do fundo, tão longe do palco que quase não dava para eu ver, estavam levantados, foi o momento que pensei: “Caramba… Olha até onde a nossa música chegou!”. Eu fiquei muito feliz do fundo do meu coração, até hoje não consigo esquecer essa cena.
Nippon Já: O Orange Range sempre trouxe uma mistura de estilos para o som da banda, resultando em músicas que misturam desde o hip-hop ao rock mais pesado. Na hora de compor, como funciona a parte criativa do grupo. Todos os membros trazem ideias e vão trabalhando em cima das composições?
Ryo: Não sei se podemos considerar isso como uma influência direta, mas agora com percepção mais adulta, tenho sentido que Okinawa apresenta músicas de diferentes culturas. Na cidade de Koza, onde nós crescemos, tem uma base militar americana. Nos finais de semana, os soldados americanos saíam da sua base para tocar em bandas, e nós víamos muito isso quando éramos estudantes. Tinha vezes que americanos vinham assistir e curtir o nosso show também. Acho que foram experiências que nos aproximaram da diversidade musical, que nem todos podem ter levando uma vida normal. Outro fator que justifica a nossa mistura de estilos, é que cada membro da nossa banda tem um gosto musical diferente um do outro, completamente diferente mesmo. Mas não desrespeitamos ninguém e tentamos pelo menos uma vez agregar isso em uma produção nossa. Como fazemos isso desde quando éramos estudantes, acabou se tornando nosso padrão. Um ponto positivo nosso é que quando alguém sugere “vamos fazer isso?” nunca ninguém responde “isso não”. Primeiro passo é sempre experimentar, depois avaliamos se dá certo ou não. Eu acho que é esse “vamos tentar antes de mais nada” que resultou em nossa música misturada.

Nippon Já: Recentemente vocês lançaram o álbum OKNW.ep. Gostaria que você contasse o conceito por trás deste álbum. Seria um resgate histórico das origens do grupo, justamente nas comemorações dos 20 anos de carreira?
Ryo: Como o próprio nome diz, o tema desse nosso EP foi Okinawa. Já tivemos outros trabalhos inspirados em Okinawa, mas eram somente músicas individuais, não um álbum inteiro por exemplo. Essa é a nossa primeira vez que produzimos um EP todo com a temática okinawana. Produzimos cada música em períodos diferentes, mas coincidiram muitos eventos, como a comemoração dos 50 anos que Okinawa retornou ao Japão, que a NHK de Okinawa nos convidou para produzirmos uma música tema para o evento; e outro convite para produzirmos a música tema do filme Miracle City Koza, que se passa em Okinawa. Foi tudo no timing perfeito em que já estávamos programando o lançamento de um novo CD. Senti como se estivesse predestinado, uma coisa foi atraindo a outra. E a data do lançamento foi no dia 23 de fevereiro, a data que lançamos nosso primeiro trabalho ainda quando éramos indie. “Não deve ser atoa que recebemos tantos convites no mesmo período, é claro que devemos aproveitar e lançar tudo em um CD”. Assim chegamos a produzir o OKNW.ep. Para a escolha desse título, seguimos o nosso estilo de sempre colocarmos um título bastante direto e simples. Então queríamos enfatizar bem a palavra Okinawa, isso era consenso de todos os membros da banda.
Nippon Já: – Há algum motivo por terem escolhido alfabeto romano e terem abreviado dessa forma?
Ryo: Abreviamos por simples motivo de que ficaria muito comprido colocar a palavra Okinawa inteira. Entendo que pode causar confusão na hora de pronunciar o título, mas acho que vai ser legal quando descobrirem “oh Okinawa, faz todo sentido, foram simples e diretos”.
Nippon Já: – E sobre as cores utilizadas na capa do EP? Tem algum significado?
Ryo: Fundo de uma única cor com a imagem da ilha de Okinawa também não seria má ideia, mas queríamos deixar um pouco mais estiloso, dando um ar menos sério e mais casual.

Nippon Já: Aliás, falando de Okinawa, gostaria de saber o quanto crescer na ilha influenciou o estilo musical e a forma de composição. Quando você e seu irmão era mais jovens, suas influências musicais eram diretamente ligadas às canções folclóricas de Okinawa, por conta dos seus pais?
Ryo: Bem… Temos um instrumento originário de Okinawa chamado sanshin. Todos os integrantes da banda, exceto eu, sabem tocar. Acho que isso é um diferencial. Só eu que não aprendi ainda. Mas o sanshin é introduzido e ensinado nas escolas. Talvez por isso sentimos uma proximidade com sanshin. E especificamente na cidade de Koza, onde crescemos, temos muitas casas de show que são frequentados por estrangeiros. Os adultos davam liberdade para nós, estudantes da época, organizar eventos. Ficava tudo por nossa conta planejar quais bandas convidar. Então tivemos um ambiente que permitia realizar shows com facilidade. Acho que essas pessoas e bandas veteranas, como Murasaki, por exemplo, que se dedicaram para nos oferecer todo esse privilégio logo quando Okinawa retornou ao Japão, também tem influenciado no nosso estilo musical e na forma de composição. Aliás, pude conhecer esse e mais alguns fatos históricos através do processo de produção desse EP.
Nippon Já: O uso do sanshin também sempre está presente no som da banda, desde os primórdios da banda. O sanshin, portanto, faz parte da identidade musical do Orange Range e, por mais que as músicas sejam modernas ou utilizem elementos cada vez mais tecnológicos, o som orgânico de um sanshin sempre será marca da banda? Aliás, vocês cresceram tocando músicas antigas de Okinawa?
Ryo: De fato, sashin é um instrumento próximo para todos nós. Sinto que em Okinawa, até gente que não segue uma carreira musical sabe tocar sanshin. Quando pensamos em incorporar o sanshin nas nossas músicas… Como posso explicar? Acreditamos que nem toda música com sanshin tem que ser do estilo minyô [tradicional, folclórico]. Por exemplo, uma música do estilo rock pode ter o som do sanshin como destaque. Acho que todo instrumento musical é cheio de possibilidades, assim como é o sanshin também. Acredito que o nosso dever é procurar um som do sanshin que seja identidade do ORANGE RANGE. E claro, nós respeitamos demais o som do sanshin na voz de cantores de minyô também. Por exemplo, não vamos apropriar do minyô sendo que nunca estudamos sobre antes. É como demonstramos nosso respeito. Acho que seria uma ofensa às pessoas que de fato praticam minyô. Mas ao mesmo tempo, acreditamos muito no potencial do sanshin, por isso queremos apresentar novas possibilidades do instrumento às pessoas do minyô também, tipo “oh o som do sanshin pode ser usado dessa forma também”. É dessa maneira que encaramos a música e os instrumentos.
Nippon Já: Aqui no Brasil temos atualmente aproximadamente 2 milhões e 100 mil descendentes de japoneses, sendo a maior comunidade japonesa fora do Japão. Desse total, uma boa parte são descendentes de Okinawa. Inclusive, em 1908, no primeiro navio com imigrantes japoneses, dos cerca de 780 passageiros, 40% eram de Okinawa. Hoje, os okinawanos estão presentes nos mais variados setores da sociedade brasileira, inclusive em posição de destaque, como médicos, políticos, posição de liderança em corporações, dentre outros. Você conhecia essa ligação tão forte de Okinawa com o Brasil?
Ryo: Sim, conhecia sim! Porque são fatos que aprendemos nas aulas de escola, acho que a maioria do povo de Okinawa conhece. Mas por se tratar de um país tão distante, infelizmente é muito difícil vivenciar essa ligação. O que mais gostaria de dizer aos descendentes de Okinawa que residem aí no Brasil é que nós que moramos em Okinawa sabemos da sua existência e a sua história tem encorajado todos nós. Atualmente, as pessoas de Okinawa já tem um pouco mais de liberdade para ir até a ilha principal do Japão. Mas soube que na época da geração mais velha, dos meus pais por exemplo, só de ser de Okinawa era motivo de discriminação. Imagino como era para os que foram até o Brasil. Então saber do sucesso dos descendentes de Okinawa no Brasil, para nós é uma prova de que “não tem nada de errado em sermos de Okinawa”. Quero muito transmitir isso.

Nippon Já: Por aqui no Brasil o Orange Range possui uma base de fãs dos mais variados tipos: desde as crianças e adolescentes, por conta das músicas que fizeram parte de animes como Naruto e Bleach; passando pelos adultos que conheceram a banda através de músicas em filmes e doramas; até os mais idosos, por conta do uso de sanshin, que remete às memórias de Okinawa. Você já conhecia essa popularidade do grupo no Brasil?
Ryo: Bom, nós conhecemos outros artistas que já foram fazer show no Brasil e através deles ficávamos sabendo o quanto o público brasileiro é acolhedor. Mas sobre a popularidade especificamente da banda ORANGE RANGE, não conhecíamos, sinceramente. Imaginávamos que brasileiros não nos conhecessem. Se de fato temos tanta popularidade assim no Brasil, ficamos muito felizes, porque ficamos sabendo de muitos relatos positivos de artistas que já fizeram show aí.
Nippon Já: Ainda falando de Brasil, qual a imagem que você tem daqui? Conhece algum artista ou já teve contato com a cultura do país?
Ryo: Desculpa, artistas brasileiras eu desconheço. Mas conheço samba, o carnaval do Rio de Janeiro. Tem um sempai [veterano de escola ou trabalho] meu que fazia músicas do estilo reggae. Esse gênero estava muito em alta uma época, quando eu ainda era estudante. Ele era uma das pessoas que representava esse movimento musical no Okinawa. E ele falava que “a música que mais anima os seres humanos de todo o mundo é samba”, mesmo ele sendo praticante de reggae. Aí eu pensei “então tá, né”. Mas ele comprovou essa teoria indo para o Brasil e morando aí por alguns anos, então eu passei a acreditar. Eu adoraria ver isso com os meus próprios olhos também. Quando ele me contou essa história eu pensei “o povo brasileiro deve ser quem mais tem habilidade em se divertir”.
Nippon Já: De todos os artistas que já fizeram show no país, muitos dizem que os fãs brasileiros são muito carinhosos e receptivos. Os cantores de enka, como Itsuki Hiroshi e Mizumori kaori. Os artistas de J-rock, como X-Japan e Gazette, já se espantaram com essa recepção. No passado, Begin, Natsukawa Rimi, Miyazawa Kazufumi e HY, que já fizeram show aqui, já falaram isso. Por vir muitos artistas de Okinawa, muitos fãs já acham que desde 2015, Orange Range viria para o Brasil. No futuro, a banda tem pretensão de vir?
RYO: Sim. Nós temos essa intenção. Como dissemos antes, da banda HY, que mora perto da gente em Okinawa, já nos falou sobre isso. Da banda Flow também ouvimos isso. Eles falaram que nós deveríamos fazer um show por aí. Temos muitas expectativas, e por isso aceitamos essa entrevista, pois acreditamos nessa ponte para um dia irmos para o país.
Nippon Já: Quais os seus planos para o futuro? Vocês já lançaram um novo EP do álbum. Vocês têm alguma intenção de turnê?
RYO: Não é turnê. Mas a intenção de fazer um grande show de dois dias. Em vez de um novo álbum, queremos fazer algo que compense os nossos 20, 21 anos. Já estamos pensando em algo que sirva para os nossos 21 anos. Queremos fazer dois dias de show sem repetir uma música.
Nippon Já: Vocês fizeram uma exposição virtual sobre vocês e Okinawa recentemente. Como isso aconteceu? Vocês poderiam explicar melhor?
RYO: É que o Orange Range era fraco no mundo virtual, parece estranho, mas a gente só fazia show ao vivo. Mas com a mudança das tecnologias, sentíamos que precisávamos fazer algo, e a nossa equipe trouxe isso. Pensando numa imagem, cor e música da banda, poderíamos fazer algo legal. Ouvindo essa proposta, a gente aceitou esse desafio. Nem todos da banda se sentiram à vontade. Quando vimos o trabalho pronto, ficamos encantado. ‘É assim que fica!’ eu pensei. Estamos vivendo em tempos mágicos. Pareço um tio, mas é o que eu sinto.

Nippon Já: O Orange Range é chamado de Linkin Park japonês, até entre os fãs existe essa comparação. Como vocês encaram essa comparação?
RYO: Eu ouvia Linkin Park. A banda, eu acho, todos escutavam Linkin Park. É uma grande banda, e ficamos felizes com a comparação. Mas no Japão, as pessoas não falam que o Orange Range é parecido com a banda. Nós não buscamos em se fixar em algum gênero, somos pop às vezes, mas também rock. Depende muito da música. A gente era chamado de rock, de banda que faz música pop, até de banda monstro que faz de tudo. A gente já sabia que esses rótulos vinham, por isso, quando perguntavam para gente qual o nosso estilo ou gênero, a gente respondia nas entrevistas que o Orange Range faz a música do Orange Range. Sempre procuramos a nossa liberdade na música. Mas ficamos lisonjeados em sermos chamados de Linkin Park japonês.
Nippon Já: Vocês fizeram 21 anos de carreira. Quais os planos de vocês daqui para frente?
RYO: O nosso objetivo é continuar com a carreira musical. Com anos de carreira, a gente percebe os nossos erros, como brigas internas no começo e vários outros obstáculos. Foi difícil, mas conforme fomos crescendo, a gente foi entendendo os limites e as fraquezas de cada um na banda. Essas relações humanas são inevitáveis, mesmo numa banda. E nunca tivemos troca de membros na banda, então acredito que estamos mais firmes, por isso a gente não consegue enxergar o fim. A não ser que alguém não adoeça, acho que o Orange Range nunca acabará. Mesmo continuando por mais 20 anos. A gente sabe que vai precisar ter humildade para mudar a forma de se fazer show conforme a gente vai envelhecendo. Mas a gente não sente angústia em enfrentar essas coisas.
Nippon Já: Vocês têm fãs de várias idades aqui no Brasil, como os mais novos que assistem o anime Naruto. Vocês reconhecem essa troca de geração nos fãs do Japão?
RYO: Nós temos uma idade de público alvo. E em nossos shows aparecem pessoas de todas as idades. A gente não queria fazer show em pequenas casas, mas em grandes casas. Pois era melhor para todos se divertirem. Mas a gente não se preocupa com o lugar do show. Então a nossa preocupação era ser uma banda para todo mundo. Estamos felizes em saber desse público jovem brasileiro. Pois a banda sempre procurou se desafiar e fazer coisas diferentes.
Nippon Já: Você gostaria de deixar uma última mensagem para os fãs brasileiros?
RYO: Eu treinei algumas palavras em português. (falando em português) Olá! Prazer. Aqui é o RYO do Orange Range. Muito Obrigado e um Abraço!
Nippon Já: Você gostaria de falar mais alguma coisa?
RYO: Através dessa entrevista, eu fiquei espantado com a quantidade de fãs que nos esperam no Brasil. Gostaria muito de ir ao Brasil. Enquanto estivermos em atuação, gostaríamos de ir um dia ao Brasil. Então, por favor, esperem. Iremos ao Brasil.
Nippon Já: Agradecemos a entrevista. E caso um dia venha ao Brasil, o Nippon Já gostaria de manter contatos com a banda.
RYO: Muito Obrigado. Levarei o meu awamori (bebida destilada típica de Okinawa) para o Brasil.
Confira o clipe de Melody, do último lançamento do Orange Range: