‘O Japão está disposto a apoiar a reindustrialização do Brasil’, diz embaixador em relação a encontro entre Lula e Kishida

Lula e Kishida

Após 15 anos, o Brasil voltou a ser convidado a participar da cúpula do G7, grupo que reúne as sete maiores economias mundiais, formadas pelos Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá. A cúpula aconteceu no Japão até o último domingo (21).

Dentre os temas tratados, segurança alimentar, enfrentamento das mudanças climáticas, inflação, transição energética, saúde e combate às armas nucleares foram assuntos em discussão nas reuniões. Além do conflito Rússia-Ucrânia, que norteou boa parte das pautas.

Animado com a visita de Lula ao Japão, o embaixador do Japão no Brasil, Teiji Hayashi, disse esperar que a reunião do G7 se recorde da situação delicada vivida por Hiroshima- cidade que foi bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial – e possa dar passos importantes em busca da paz. “Minha esperança é que muitos brasileiros reconheçam essa importância do G7 em Hiroshima, nesse momento em que muitas pessoas buscam a paz e estão preocupadas sobre o uso de armas nucleares”, disse.

“A Cúpula do G7 não é um lugar para tomar decisões. Mas o intercâmbio de opiniões e de perspectivas entre os líderes é muito importante e também produtivo. E, nesse sentido, o Brasil tem sua própria perspectiva e papéis na América Latina para contribuir para as discussões com os líderes. O Brasil foi o único país convidado da América Latina. Então, acredito que pode dar vários pontos de consideração e também posições com líderes do G7 e outros países convidados”, destacou Hayashi.

O embaixador ressaltou ainda o momento econômico brasileiro. Segundo Hayashi, “acho que a economia brasileira tem muito potencial. Nesse sentido, temos muita possibilidade de desenvolver nossas relações econômicas em possíveis relações comerciais”.

“E para avançar e para promover esse desenvolvimento econômico, as reformas do Brasil serão necessárias. E, sobretudo, essa reforma tributária, que é uma chave de desenvolvimento para o Brasil. Em uma reunião do ministro [das Relações Exteriores do Brasil, Mauro] Vieira com seu parceiro, nosso ministro de Relações Exteriores, Yoshimasa Hayashi, eles falaram sobre o apoio do governo japonês para essas reformas necessárias para o Brasil e também sobre a adesão do Brasil à OCDE [Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico], que é algo simbólico das reformas ou intenção de reformas no Brasil”.

Um dos pontos a serem destacados no encontro – especialmente nmas relações bialterais – foi o anúncio do primeiro-ministro japonês Fumio Kishida sobre as negociações para a isenção de visto para os brasileiros. A isenção seria disponibilizada apenas para estadias de curta duração. O diálogo entre Lula e Kishida também envolveu o montante de R$ 1 bilhão em forma de empréstimos para a saúde, entre outros setores no Brasil, que havia restabelecido há uma semana a necessidade de visto para visitantes de países como Japão, Austrália, Estados Unidos e Canadá. A medida passa a vigorar a partir de 1º de outubro pelo princípio da reciprocidade.

O Japão busca reaquecer o mercado de turismo nacional e o das companhias aéreas, além de também ter interesse na reforma tributária brasileira, conforme manifestado pelo primeiro-ministro em reunião com Mauro Vieira, ministro de Relações Exteriores do Brasil.

Para o embaixador, ainda durante entrevista à Agência Brasil, outro ponto simbólico do encontro foi os laços de amizade entre os dois países. Hayashi lembra que a grande comunidade nipo-brasileira “é uma parte muito importante para as relações bilaterais entre o Japão e Brasil”.

“Aqui no Brasil temos a maior comunidade japonesa fora do Japão e o Brasil tem no Japão a sua quinta maior comunidade do Brasil fora do Brasil. Acho que não existem outros países que têm esse tipo de intercâmbio de pessoas, com essa história. Por isso, estamos desenvolvendo nossas relações em várias áreas possíveis, como a cultural e também a econômica. Por exemplo, 13 de junho é um dia comemorativo da imigração japonesa aqui no Brasil e estamos planejando realizar uma sessão solene no Congresso Nacional. Vamos também iluminar vários prédios de Brasília, como a Catedral e a Biblioteca Nacional, com iluminação vermelha, símbolo da bandeira japonesa [essa ação deve ocorrer no dia 18 de junho]. Na semana passada, por exemplo, celebramos em Brasília o Festival do Japão e tivemos 60 mil visitantes em dois dias de evento. Isso simboliza como a cultura e a culinária japonesa foram recebidos e aceitos pela comunidade brasileira”, destacou.

(com informações da Agência Brasil)

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