Nesta 31ª entrevista de companhias nikkeis, conversamos com o presidente Yasutoshi Miyoshi (54 anos, de Chiba), da Hitachi South America. A empresa foi formalmente estabelecida em 1982, mas a presença da Hitachi na América do Sul remonta a 1940, quando se instalou em São Paulo. Atualmente, a empresa atualizou seu portfólio de negócios na América do Sul, e, com foco na Inovação Social, que combina as tecnologias mais recentes de TI×OT (tecnologias de informação e de operação)×produtos para desenvolver soluções que apoiem a sociedade em diversos segmentos, conseguiu quadruplicar suas vendas e aumentar o número de funcionários em cerca de oito vezes nos últimos quatro anos.
Perfil da Hitachi South America | Razão social: Hitachi South America Ltda. Localização: escritório em São Paulo (SP); fábricas em Guarulhos (SP) e Blumenau (SC) Ano de fundação: 1940 Número de funcionários: cerca de 1500 Atividade comercial: desenvolvimento de soluções de infraestrutura voltados para B2B (modelo de negócio em que o cliente é uma outra empresa), com foco principal em energia e TI Site: https://www.hitachi.com.br/ |
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Venda de bomba d’água: o primeiro contato com a América do Sul
Atualmente, o Grupo Hitachi está presente em cinco países da América do Sul: Brasil, Peru, Argentina, Colômbia e Chile. No Brasil, o Grupo possui cinco empresas (Hitachi South America, Hitachi Energy, Hitachi Vantara, Hitachi High-Tech e Hitachi-MYCOM) e duas fábricas. A fábrica de transformadores em Guarulhos é a segunda maior da Hitachi Energy no mundo, ficando atrás apenas para a unidade da Suécia. As operações na América do Sul concentram-se na fabricação de transformadores e equipamentos de controle além dos sistemas e serviços digitais, com o Brasil respondendo por 65% das vendas na América do Sul em 2023.
A Hitachi iniciou suas operações na América do Sul em 1940, vendendo bombas d’água para o abastecimento de São Paulo. Na década de 60 a 70, a empresa forneceu equipamentos para a infraestrutura de siderurgia trazidos do Japão para o Brasil, e na segunda metade dos anos 70, estabeleceu a Hitachi Ar Condicionado em São José dos Campos (SP) para produzir ar condicionado (transferido a uma joint venture com a Johnson Controls em 2015). Nos anos 80, a Hitachi Data Systems, antecessora da atual Hitachi Vantara, especializada em infraestrutura de dados, entrou no mercado para oferecer soluções que contribuam com uma sociedade mais sustentável.
Reestruturação do portfólio na América do Sul
Sob a filosofia corporativa de “contribuir para a sociedade através do desenvolvimento de tecnologias e produtos melhores”, o Grupo Hitachi promove negócios de inovação social visando uma sociedade sustentável. Em 2020, durante a atualização do seu portfólio, a Hitachi adquiriu a divisão de sistema de transmissão de energia da ABB, empresa multinacional Suíça, para se posicionar como uma nova líder global no mercado da tecnologia de energia.
O Miyoshi destaca a importância dessa aquisição: “O bondinho do Pão de Açúcar no Rio de Janeiro foi eletrificado pela ABB em 1912. Quando a Hitachi foi fundada, em 1910, o Japão começava a se industrializar, mas a Europa já expandia seus negócios pelo mundo. Apesar de a indústria japonesa ter uma história relativamente recente, a integração da experiência de empresas como a da ABB na Hitachi é traz impactos positivos”.
Gestão localizada e liderada por executivos locais
O Grupo Hitachi está em um processo de globalização, que também está influenciando na seleção dos diretores e executivos na empresa. Nas filiais estrangeiras, estão utilizando ativamente pessoas que entendem da realidade local, independentemente da nacionalidade.
“Gestores locais possuem o conhecimento dos desafios locais, como o complexo sistema tributário, e também são importantes para buscar reformas que minimizem as diferenças com os outros países visando o desenvolvimento do seu país”, afirma o presidente Miyoshi, que se mudou para o Brasil aos três anos de idade, em 1973, quando seu pai veio trabalhar. Naquela época, o Japão estava em período de rápido crescimento econômico, e neste meio muitas empresas japonesas foram estabelecendo suas filiais no Brasil. Miyoshi relembra da impressão sobre São Paulo como uma grande metrópole, com muitos prédios. Quase meio século depois, as empresas japonesas estão mais enraizadas no Brasil. Agora, para continuar crescendo e se firmando ainda mais no país, as empresas estão por optar pelos gestores locais para liderar as filiais.
Construção de uma sociedade amigável por meio do engajamento comunitário dos funcionários
A Hitachi Energy do Brasil também assumiu os projetos sociais do Instituto Amanhecer, uma ONG criada pela ABB em 1998. Esta ONG, com apoio financeiro da Hitachi Energy, realiza programas sociais voltados para crianças em situação de vulnerabilidade social dentro das dependências da fábrica de Guarulhos. Até agora, mais de 400 jovens, de 7 a 15 anos, participaram de atividades extracurriculares no contra-turno, visitas educativas e encontros com pessoas de diversas áreas de atuação. Quando os jovens chegam aos 15 anos, o programa de menor aprendiz permite que trabalhe na fábrica enquanto frequentam uma escola de formação profissional, e já impactou mais de 2000 pessoas na comunidade local.
“Recentemente, esses esforços e propósitos aumentam a motivação dos jovens colaboradores”, comenta o presidente. A empresa incentiva ativamente a participação dos colaboradores na ONG como mentores, para que compartilhem as suas habilidades no projeto.
Entrevistadora: Tomoko Oura