
Na cidade de Foshan, na província de Cantão, China, é comum os pedestres se depararem com uma rua abandonada. Chamada de “Ichiban Street”, a via era decorada com referências ao Japão e era um ponto turístico para os mais jovens que gostavam da cultura japonesa.
Andando pelos arredores era possível avistar um portão todo vermelho e brilhante na entrada, em uma referência direta ao bairro Kabukichô (região famosa pelo entretenimento e vida noturna). Até personagens famosos estavam presentes, casos dos personagens de animê como Inuyasha e Astro boy davam as caras nas lojas e estabelecimentos. Mas, de uns meses para cá, a rua se encontra interditada e vazia, virando uma “rua fantasma”.
Segundo o jornal South China Morning Post, de Hong Kong, o pedido de fechamento veio da prefeitura de Foshan. Mas o porquê de determinação é onde mora a polêmica. A justificativa oficial se dá por conta do uso indevido de direitos autorais de personagens de animês japoneses. Mas, na prática, o real motivo é que o governo chinês não aceita uma ‘rua japonesa’ dentro do país, pois isso afeta questões patrióticas da China.
A “Ichiban Street” tem cerca de 100 metros e localiza-se no centro da cidade. Cheias de painéis de neons e prédios com placas escritos em japonês, os faróis e os sinais de trânsito eram todos no modelo japonês. Até os táxis que circulavam pela região tinham características típicas dos veículos nipônicos.
A rua temática foi inaugurada em agosto de 2020, ano em que a covid se espalhou no mundo e o turismo externo chinês foi afetado por tal problema. Todavia, o turismo interno acabou se beneficiando e a “Ichiban Street” tornou-se um ponto turístico para os jovens que tinham uma visão mais “amigável” do Japão. Tornou-se até sensação nas redes sociais chinesas e deu destaque para a cidade de Foshan.
Mas a festa não durou por muito tempo. Após dois meses a rua foi interditada. Hoje, quem vai até lá se depara com faixas e tapumes impedindo a passagem. Há, inclusive, vigilância 24 horas, para que pessoas não entrem para tirar alguma foto.

Segundo um guarda que trabalha na segurança da via, “quando o local será reaberto não foi informado. Para isso é necessário mudar de nome e respeitar os direitos autorais dos animês”.
Incorporadoras imobiliárias chinesas foram responsáveis pela concepção da rua temática. Ainda em obras, o local já estava cheia de lojas comerciais. Um dono de café japonês, que apostou na Ichiban Street, disse que o fechamento foi no dia primeiro de outubro, data comemorativa da proclamação da República Chinesa. As relações históricas chinesas e japonesas podem justificar essa ação. Mas o dono do café ficou desapontado com o fechamento, pois a partir desse dia, a China entra num grande feriado, que seria o ideal para o turismo, algo que não acabou acontecendo com a rua mais japonesa da China.