
PERFIL DA TOYOBO DO BRASIL | Nome oficial: Toyobo do Brasil Participações Ltda. Localização: (i) Escritório: São Paulo; (ii) Fábricas: Americana e Salto Ano de estabelecimento: Março de 1955 No de funcionários: 595 (abril de 2023) Atividades comerciais: Holding, gestão de imóveis, fabricação e venda de plásticos de engenharia, venda de filmes para embalagem, produção intermediária de enzimas de origem vegetal, e fabricação e venda de produtos biológicos para agricultura. |

Mesmo com as condições adversas impostas pela pandemia, as companhias nikkeis no Brasil prosseguiram suas atividades com resiliência. No atual cenário, onde a pandemia recua gradativamente, está nascendo a demanda por novos padrões de valor, que tem como objetivo alcançar a sustentabilidade, e é neste contexto que será introduzida a série de artigos “O Agora das Companhias Nikkeis no Brasil”.
Nesta quinta edição, o entrevistado foi o Presidente Yasuki Fujii, da Toyobo do Brasil. A companhia entrou no setor têxtil do Brasil em 1955, dois anos após a retomada efetiva da imigração japonesa para o Brasil, que ficou parada devido à Guerra do Pacífico. Dentro de um cenário de constantes mudanças, a Toyobo vem desenvolvendo seus negócios de forma a atender as exigências da sociedade através dos seus pontos fortes. Atualmente, a companhia possui uma atividade de produtos biológicos para agricultura sustentáveis, atraindo grandes expectativas da agricultura brasileira, que deverá continuar mantendo seu crescimento no futuro.
A atividade de produtos biológicos para agricultura: crescimento acelerado nos últimos dois anos

Dizer que a “Toyobo é indústria têxtil” é uma ideia do passado. Estabelecida em 1955, a Toyobo do Brasil é a mais antiga das filiais da Toyobo em território estrangeiro. Em 1962, abriu uma fábrica de fiação em Americana. Em 1964, abriu uma fábrica de tecelagem na mesma cidade. Em 1972, abriu uma fábrica de tinturaria em São Paulo. Em 1974, recebeu gratuitamente um terreno do município de Salto, onde começou a operar uma fábrica de couro sintético em 1976. Em 1978, a companhia entrou no setor de confecção e, em 1984, assinou um contrato de licença de design com a marca italiana Benetton, para produzir e vender produtos Benetton no Brasil. Assim, a companhia desenvolveu amplamente as suas atividades no Brasil, chegando a empregar mais de 1.300 funcionários em Americana no seu ápice. mas retirou-se da indústria têxtil em 2016. No ano de 2016 a empresa paralisou a atividade têxtil e demitiu cerca de 400 funcionários.
Em 1988, a companhia iniciou um negócio de enzimas na sua fábrica de Salto, em paralelo com a sua atividade no setor têxtil. Nesta época, a Toyobo do Japão já produzia e comercializava enzimas utilizadas em diagnósticos in vitro realizados por instituições médicas, e também utilizava leveduras para tratar efluentes de rayon. A fim de assegurar um abastecimento estável de enzimas de origem vegetal, a Toyobo do Japão importa os produtos intermediários de enzima produzidos na fábrica de Salto com matérias-primas vegetais do Brasil.
Em 2010, a produção de enzimas estava baixa, e a companhia começou a produzir e vender produtos biológicos para agricultura feitos com esporos de fungo. Inicialmente, estes produtos obteveram pouco reconhecimento, mas nos últimos anos, devido à tendência global que procura por soluções sustentáveis, os produtos biológicos para agricultura daToyobo, como o EcoMeta Power e o Ecobass, estão atraindo grande atenção. Os produtos biológicos para agricultura são amigáveis com o meio ambiente e são altamente eficazes e a Toyobo do Brasil continua aumentando a produção do produto, que está se tornando no principal atividade da empresa.
Premiação “Destaques Ambientais 2022” da cidade de Americana
Em 2014, uma fábrica de plásticos de engenharia da Toyobo do Brasil entrou em operação em Americana. Os plásticos de engenharia compõem um dos negócios que está em crescimento da companhia. Durante a procura pelo melhor modo de aproveitar as suas fábricas, o negócio de produtos biológicos para agricultura da fábrica de Salto se expandiu e a fábrica de Americana, outrora ociosa, também começou a produção da substância com as infraestruturas e os conhecimentos de gestão de que dispunha, e a atividade cresceu rapidamente.
Em 2022, a companhia participou na Semana do Meio Ambiente da cidade de Americana e fez doação de produtos biológicos para agricultura. Em resposta, no dia 6 de dezembro do mesmo ano, o prefeito da cidade entregou à empresa o prêmio “Destaques Ambientais 2022”, durante a cerimônia que contou com a presença de cerca de 300 munícipes. O prêmio é o reconhecimento pela participação da Toyobo na construção da história da cidade de Americana e a criação de novos negócios mesmo após a retirada da atividade têxtil, a geração de empregos, o desenvolvimento de produtos amigáveis ao meio ambiente e a sua contribuição para a sociedade.

Fornecimento de soluções para a sociedade e para o planeta
As exigências dos mercados japonês e brasileiro são diferentes. No setor automobilístico, a Toyobo fabrica e comercializa plásticos de engenharia com o padrão japonês e atualmente trabalha no desenvolvimento de resinas de arroz feitas a partir de resíduos do arroz utilizado na produção de produtos biológicos para agricultura. Os filmes para embalagem de alimentos são um dos principais negócios da Toyobo no Japão, mas no Brasil, devido às diferenças na cultura alimentar, ainda há uma baixa demanda por produtos alimentares embalados com tecnologia apurada, como o retort pouch, muito usado no Japão. A demanda por , rodutos biológicos para agricultura encontra-se em rápido crescimento no Brasil, e a Toyobo procura expandir a sua produção e a venda com a qualidade exigida pelo mercado brasileiro.
Fundada em 1882 por Eiichi Shibusawa, a Toyobo tem como objetivo ser um grupo que cria soluções para a sociedade e para o planeta através da matéria-prima e da ciência, com base na filosofia “JUN-RI-SOKU-YU (順理則裕)” (Respeitar a Razão conduz a Prosperidade). Em tempos de mudança, a filosofia da companhia continua viva no Brasil sem se restringir ao seu negócio original, atendendo às demandas das comunidades locais.
O Presidente Fujii, que chegou ao Brasil em março de 2022, após passar por seis países ao redor do mundo, diz: “Graças aos descendentes de japoneses que têm trabalhado arduamente no Brasil nos últimos 115 anos, conseguimos ganhar autoconfiança e coragem para desenvolver a nossa atividade neste país. Também somos gratos por podermos contar com excelentes funcionários que compreedem a cultura japonesa”. Ele tem vontade de levar ao Japão a cordialidade dos laços humanos exclusivos do Brasil, que não é encontrado nas comunidades japonesas de outros países.
(Entrevista: Tomoko Oura)