Momento atual das Companhias Nikkeis no Brasil: Panamedical Sistemas

Toda a equipe da empresa no Simpósio Brasil x Japão de Neurocirurgia Vascular em colaboração com a USP

Mesmo com as condições adversas impostas pela pandemia, as companhias nikkeis no Brasil prosseguiram suas atividades com resiliência. No atual cenário, onde a pandemia recua gradativamente, está nascendo a demanda por novos padrões de valor, que tem como objetivo alcançar a sustentabilidade, e é neste contexto que será introduzida a série de artigos “O Agora das Companhias Nikkeis no Brasil”. 

Para a 11a edição, entrevistamos Katsuhide Itagaki (75 anos, Hokkaido), diretor-presidente da Panamedical Sistemas. No Brasil, é comum o aparecimento de uma empresa após outra, independentemente do tamanho delas, mas poucas são duradouras e não é nenhuma novidade que muitas trancam as portas em menos de um ano. Apesar disso, a Panamedical Sistemas vem explorando tecnologias japonesas pouco conhecidas na área médica do Brasil e já faz 33 anos que buscam pela promoção da saúde e bem-estar dos pacientes brasileiros.

Perfil da Panamedical SistemasNome oficial: Panamedical Sistemas Ltda. / Localização: SãoPaulo (sede)
Ano de fundação: 1991
Número de funcionários: 20
Atividade comercial: Importação e venda de equipamentos médicos (para neurocirurgia, cirurgia geral e obstetrícia)
Site: www.panamedical.com.br

De um funcionário no exterior para um fundador determinado

Em 1981, após permanecer durante dez anos no departamento internacional da Meiji Seika, Itagaki foi informado sobre a abertura do escritório da empresa na América do Sul e veio para o Brasil com a missão de desenvolver a filial. Assim, tornou-se o primeiro funcionário da empresa atuando no Brasil. Enquanto trabalhava no Japão, ele vendia dispositivos (equipamentos) médicos, mas foi transferido para a divisão farmacêutica da empresa e, durante sua estadia no Brasil como funcionário da Meiji, esteve envolvido no licenciamento de produtos farmacêuticos. Como o trabalho de licenciamento demorava-se muito para registro sanitário (tinha muito tempo de espera), começou a vender dispositivos (equipamentos) médicos e se interessou em criar seu próprio negócio.

Itagaki permaneceu em São Paulo como funcionário da Meiji durante 10 anos, mas continuou desejando a abertura de seu próprio negócio. Ao ver o boom de dekasseguis da época, com pessoas saindo do Brasil para ir trabalhar no Japão, Itagaki pensou (de um jeito invertido): “se tantos brasileiros abrem seus próprios negócios no Brasil, eu também devo conseguir fazer o mesmo”. Depois de uma noite de reviravoltas pensando se renunciaria a empresa, seu chefe disse que “abrir um negócio é mais difícil do que ser diretor (gerente) desta empresa (uma empresa que já existe)”. Isso fez com que ele quisesse encarar o desafio e decidiu deixar a empresa.

O que é comum no Japão é um diferencial no Brasil

Atualmente, a empresa importa e vende instrumentos (ferramentas) e dispositivos (equipamentos) japoneses como as (lâminas de) broca usadas em craniotomias (neurocirúrgicas), clips usados para bloquear o fluxo sanguíneo no pescoço e vasos circundantes para aneurismas cerebrais e dispositivo (equipamento) de monitorização de partos. O lema da empresa é fornecer produtos e serviços de alta qualidade em meio à concorrência com grandes empresas internacionais. Itagaki explica que o segredo de ter conseguido continuar a atividade até os dias de hoje, mesmo sem reconhecimento imediato no início, foi “ser diligente, honesto e persistente, tal como a imagem que se tem dos imigrantes japoneses”. Por exemplo, quando ocorrem diversos problemas e reclamações, poucas empresas no Brasil prestam um atendimento franco e minucioso como é comum no Japão. A empresa partilha um sistema de valores dentro da empresa que se centra no fato de que a vida dos pacientes está em jogo. Seus clientes possuem uma boa avaliação e confiança pela empresa, já que ela sempre toma decisões como um parceiro do paciente, em vez de um fornecedor qualquer. Os pacientes são considerados como um membro da família ou um parente na empresa. O fato de a empresa não ser grande permite-lhe responder às demandas com rapidez e flexibilidade, e seus vendedores não trabalham com o sistema de comissão comum no Brasil, sendo encarregados de desempenhar as suas funções de forma completa. Isso modifica o modo de tratamento dos vendedores com os clientes em relação às outras empresas e conduz a melhores resultados comerciais.

Os clientes da empresa são médicos e instituições médicas, dos quais cerca de 10% são nikkeis, mas até hoje um grande número de excelentes médicos nikkeis têm ajudado a empresa em diversas situações.

Reconhecimento do seminário de sensibilização sobre o parto natural como qualificação de exame para enfermeiros

Fotografia “sessão de estudo da filosofia de gestão empresarial” no pátio

Um dos projetos da empresa é a organização de seminários sobre monitoração de partos. Na época (altura) da fundação da empresa, os partos por cesariana eram normais em cerca de 90% das zonas urbanas do Brasil. A empresa se interessou em divulgar sobre o parto natural e realiza, anualmente, quatro seminários sobre monitoração de parto. Isso já totalizou em 85 seminários, com formação de mais de 2000 profissionais. Esta atividade de promoção do parto natural tem sido amplamente reconhecida pelas instituições médicas relevantes na área da obstetrícia, chegando a ser reconhecida como certificado de qualificação para as enfermeiras que pretendem trabalhar nas melhores instituições de obstetrícia de São Paulo. O objetivo da empresa é atingir o centésimo seminário para que a sociedade brasileira volte a sua atenção para o parto natural, prática dominante no Japão.

O representante Itagaki é membro do Instituto Brasileiro de Filosofia Empresarial (Gerencial) (anteriormente Associação Seiwajyuku do Brasil) e tem trocado opiniões regularmente com membros envolvidos em atividades empresariais no Brasil. Ficou fascinado com as palavras de Kazuo Inamori, que ensina a viver para servir os outros e que este é um modo de vida que está de acordo com a “vontade do macrocosmo”. Itagaki continua seguindo os ensinamentos de Inamori no domínio dos serviços de saúde do Brasil e pretende estar ativo enquanto estiver vivo para espalhar os benefícios do ensinamento.

Entrevistadora: Tomoko Oura

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