Atual momento das companhias nikkeis no Brasil: NSK Brasil

Mesmo com as condições adversas impostas pela pandemia, as companhias nikkeis no Brasil prosseguiram suas atividades com resiliência. No atual cenário, onde a pandemia recua gradativamente, está nascendo a demanda por novos padrões de valor, que tem como objetivo alcançar a sustentabilidade, e é neste contexto que será introduzida a série de artigos “O Agora das Companhias Nikkeis no Brasil”. 

Neste segundo artigo para apresentação de companhias nikkeis, conversamos com Hiroshi Kataiwa, Vice-Presidente da NSK Brasil. Fundada em 1970 no território brasileiro, a companhia possui uma planta industrial de 180 mil metros quadrados num local privilegiado: cerca de 10 minutos a pé da Estação Suzano, que liga a cidade de São Paulo às cidades vizinhas através da ferrovia. Além de fabricar rolamentos industriais e automotivos, a NSK Brasil desenvolve pesquisas e análises no seu Centro Tecnológico.

Vice-Pres NSK, Hiroshi Kataiwa

«Perfil da
NSK Brasil

Nome oficial:
NSK Brasil Ltda.

Localização:
Suzano, SP
Estabelecimento: Dezembro de 1970
Funcionários:
521 (final de março)
Atividades:
Fabricação de rolamentos e venda de importados

53 anos desde o estabelecimento da primeira unidade de produção da NSK em solo estrangeiro

A decisão de implantar, em Suzano, a primeira unidade de produção da NSK em solo estrangeiro aconteceu após a visita ao Brasil de Hiroki Imazato, quarto presidente da NSK Corporation. A NSK Brasil foi fundada em 1970 e sua fábrica passou a operar depois de dois anos. Na época, Pedro Sinkaku Miyahira, o primeiro prefeito nikkei de Suzano, convidava empresas japonesas para se estabelecerem na cidade. A NSK recebeu o terreno gratuitamente e construiu a fábrica. Desde então tem contribuído para o desenvolvimento industrial da cidade.

Na época em que a NSK Brasil foi fundada, a venda de produtos importados estava em alta e os concorrentes estabelecidos no Brasil já produziam localmente, então era difícil sobreviver no mercado com produtos importados de alto valor. Nestas circunstâncias, a companhia realizou uma campanha persistente voltada a grandes clientes, mais exigentes quanto a qualidade do produto, e recebeu permissão para fazer testes comparativos entre os rolamentos do Japão e dos concorrentes. “Dois níveis acima”: essa foi a avaliação que recebeu. No entanto, as importações estavam sujeitas a uma tarifa de quase 40%, o que encarecia as importações. Portanto, a NSK Brasil recebeu a promessa de que as compras dos produtos seriam efetivadas se a produção de mesma qualidade acontecesse no Brasil. Então, foi tomada a decisão de fabricação no país. Assim que a fábrica começou a funcionar, aumentaram as encomendas dos clientes que observaram a linha de produção utilizando o mais moderno maquinário de fabricação automatizada, que nenhuma outra empresa possuía.

Apenas a fábrica de rolamento do Brasil produz suas esferas

A autossuficiência é a política da NSK. A fábrica de Suzano é a única no mundo que produz as esferas de aço utilizadas em rolamentos no próprio local. No Japão, as esferas de aço são compradas de empresas parceiras, mas no Brasil, para reduzir os custos devido a tarifas elevadas, as esferas de aço são produzidas na própria fábrica. Nos últimos anos, os rolamentos importados da China tornaram-se mais populares, mas a NSK Brasil manteve seu compromisso de fornecer bons produtos a preços razoáveis para atender os clientes que valorizam a alta qualidade e a alta precisão.

A concorrência no mercado interno

Os três maiores participantes do mercado global de rolamentos são: uma empresa sueca, uma alemã, e a NSK. No Brasil, o tamanho dos negócios das três empresas é quase igual, com as empresas sueca e alemã especialistas em produtos de grande porte, enquanto a NSK se especializou também em produtos extremamente pequenos.

No Brasil, por ser um país com intensa atividade agrícola, os grandes rolamentos para máquinas agrícolas são importantes e a demanda neste setor permanece estável. Por outro lado, a demanda por pequenos rolamentos usados em aparelhos elétricos não é tão elevada como no Japão e na China.
Após a pandemia, devido aos elevados preços do petróleo, poupança doméstica e escassez de semicondutores para veículos de quatro rodas, as vendas de veículos de duas rodas têm sido mais fortes, portanto, as vendas dos rolamentos para veículos de duas rodas apresentaram melhor desempenho.

Iniciativa de repotencialização de rolamentos

Para que suas atividades estejam em conformidade com os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), a NSK Brasil também começou a repotencializar rolamentos, especialmente os de grandes dimensões. Os rolamentos grandes ainda são importados, e leva pelo menos seis meses (às vezes, mais de um ano) desde o momento em que se faz a encomenda até a entrega. Se uma máquina é avariada e fica inutilizada por vários meses, é muito tempo e dinheiro perdido. Então, os rolamentos utilizados são submetidos a um diagnóstico de vida útil com base nos dados e conhecimentos sobre mecanismos de falha, acumulados pela NSK ao longo dos seus 100 anos de história. Assim, os rolamentos podem ser utilizados com segurança. A NSK também toma medidas para assegurar que os rolamentos possam ser repotencializados, prolongando assim a sua vida útil.
A repotencialização é frequentemente vista como um obstáculo a novas vendas, mas também tem o potencial de expandir o negócio a novos clientes.

Relações com a comunidade local

A NSK Brasil, com mais de 50 anos de história, pretende crescer de forma sustentável como empresa brasileira. Por isso, tem interesse no emprego das pessoas da comunidade local como funcionárias. Em muitos casos, os estudantes que trabalharam na companhia através da cooperação universitária e programas de estágio foram diretamente selecionados para continuar na empresa.
O Vice-Presidente Kataiwa, que permanece no Brasil desde novembro de 2021, disse que tinha o desejo de visitar o país, por abrigar a fábrica mais antiga da NSK no território estrangeiro. O Brasil é o quarto país que ele visita para o trabalho, depois de Singapura, Tailândia e Xangai. “No Brasil, graças aos esforços dos imigrantes japoneses que vieram antes de nós, os japoneses têm uma boa reputação, a companhia cumpre a lei, funciona de acordo com as regras, e é possível sentir que os funcionários confiam na empresa.”
Kataiwa é kendoka 7-dan e gosta de passar o seu tempo livre praticando e ensinando o esporte em kenjinkais (associação de imigrantes de uma mesma província japonesa) de São Paulo. Tal como nas suas missões anteriores fora do Japão, continua gostando de aprofundar relacionamentos com o espírito do koken chi ai (estreitamento de relações através do kendo).
(Tomoko Oura, especial para o nippon já)

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