Mais de 30 pessoas assistem ao ensaio público de Hiroshima Kagura

A impressionante serpente de oito cabeças causa reação: “legal”

No dia 30 de março, pela manhã, o Grupo Kagura do Brasil (representado por Shinsuke Nakamori) realizou o Ensaio Público de Hiroshima Kagura e Workshop no Centro Cultural Hiroshima do Brasil, em São Paulo, pela primeira vez neste ano, com presença de cerca de 30 pessoas. A apresentação teve como tema a tradicional Serpente de Oito Cabeças (Yamata no Orochi), em homenagem ao Ano da Serpente. A apresentação do irmão mais novo de Amaterasu Omikami, Susanoo no Mikoto, foi muito emocionante, com um artista brasileiro exibindo algumas habilidades de atuação magníficas.

Em meio ao som solene de tambores, flautas e gongos manuais, a princesa Kushinada (Kushinadahime) aparece e é engolida pelo Yamata no Orochi, e Susanoo no Mikoto aparece para salvá-la. Ele demonstrou excelentes habilidades com a espada e a luta durou cerca de 30 minutos até que cravou sua espada na garganta da serpente.

Cena da luta entre a serpente de oito cabeças (Yamata no Orochi) e Susanoo no Mikoto

Ao perguntar a Tales Hasegawa (36 anos, 3ª geração), que saiu suado de sua fantasia, ele revelou que o traje da serpente de oito cabeças pesava cerca de 10 kg, sendo que apenas a cabeça pesava 2,5 kg. Quando questionado sobre o motivo de ter começado a atuar, comentou: “Em 2015, assisti à apresentação do grupo Hiroshima Kagura no grande auditório do Bunkyo e achei a serpente de oito cabeças a mais impressionante. Foi então que decidi começar a praticar Kagura”. Embora não seja descendente da província, ele se apaixonou pela arte e já pratica há 10 anos.

Em 2015, para comemorar os 60 anos da fundação da Centro Cultural Hiroshima do Brasil, um grupo de 25 pessoas de Hiroshima veio ao Brasil, realizando uma apresentação dinâmica. O principal tema dessa apresentação foi a serpente de oito cabeças.

Wagner Mostasso (27 anos), que interpretou Susanoo no Mikoto, também assistiu àquela apresentação e se emocionou, decidindo começar a praticar Kagura. “O Kagura é algo que só existe no Brasil aqui. Quando vi pela primeira vez, meu coração foi profundamente tocado. Os trajes também são muito bonitos, e eu queria muito vesti-los”, disse.

Seu amigo André Conchon (23 anos) também comentou: “É um pouco parecido com o kabuki, muito legal. Eu também sou ator, e este teatro é muito marcante”. Os visitantes se divertiram à sua maneira, praticando e representando os papéis que lhes interessavam.

De acordo com Aiko Tachibana, que atuou como coordenadora por muitos anos, o grupo foi fundado por volta de 1970 por Teruo Hosokawa e outros, em japonês, como ブラジル広島神楽保存会 (associação para preservação do Kagura Hiroshima Brasil). Ela destacou que, em todo o mundo, só no Brasil existe Kagura. O grupo tinha suspenso temporariamente as atividades, mas já retornou com 13 integrantes, incluindo a equipe de bastidores. “A JICA [Agência de Cooperação Internacional do Japão] criou um programa de treinamento de curto prazo para Kagura, e até agora 9 pessoas passaram por treinamento no Japão e agora estão desempenhando seus papéis. Através disso, o círculo tem se expandido”, explicou.

Ao final, os membros do grupo agradecem aos visitantes.

Elzo Shigeta (80 anos, 2ª geração), presidente do Centro Cultural Hiroshima do Brasil, afirmou: “Para a associação, o Kagura é uma atividade especial. Mesmo pessoas não descendentes de japoneses, de 5 a 6 pessoas, estão se dedicando com entusiasmo. Isso é graças à orientação da Aiko. Espero que, no futuro, eles se tornem membros da diretoria da associação”.

Os ensaios acontecem todos os domingos, das 9h ao meio-dia, no centro cultural. Pessoas interessadas podem assistir. Para mais informações, basta entrar em contato pelo Instagram @kagurabrasil.

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