Japão expresso: a representação da cultura em uma xicara de chá

Você costuma tomar chá? Em que momento do dia você costuma tomar? A bebida, originária da China, espalhou-se por toda a Ásia através dos viajantes chineses e estrangeiros. No Japão, o chá encontrou um povo que abraçou a bebida e, consequentemente, construiu uma cultura forte, inclusive cerimonial, que sobrevive até hoje. No “Japão Expresso” de hoje, aprenderemos sobre a origem do chá, suas características e quais são os chás mais apreciados no país nipônico.

Antes de falarmos sobre a história do chá, é necessário esclarecer qual é a definição de “chá”. O kanji 茶(te), oriundo da China, era o ideograma utilizado para representar a planta Camellia sinensis, e por isso, tecnicamente, somente se considera chá as bebidas preparadas com essa planta, que possui seis famílias: Chá Branco (白茶), Chá Verde (緑茶), Chá Amarelo (黄茶), Chá Oolong (青茶), Chá Preto (紅茶), e Chá Escuro (黒茶). No entanto, a nomenclatura “chá” se popularizou e todo tipo de infusão, seja de fruta ou herbal, chamamos de chá. 

O chá chegou no Japão por volta do século 8, mas foi somente no século 12 que seu cultivo em terras nipônicas se iniciou através do zen-budista Eisai. Os monges utilizavam a bebida para se manterem acordados nas longas sessões de medicação. Assim, a fim de suprir a demanda de consumo dos mosteiros da região, Eisai iniciou o cultivo da planta, que logo passou a marcar presença na corte, nos eventos sociais voltados à apreciação das artes e à experimentação de chás de várias regiões. Isso intensificou a produção e o manejo em locais como Uji, Kyoto, que ainda produz, nos dias de hoje, chás de alta qualidade. 

Concomitante aos eventos da corte, a classe de samurais passou a apreciar a bebida, trazendo regras e procedimentos nas reuniões de chá. A partir disso, desenvolveu-se uma base para o 茶の湯(chanoyu), a “Cerimônia do Chá” que conhecemos hoje e que traz preceitos estabelecidos oriundos do zen-budismo. Como resultado da criação, no século 16, Sen-no-rikyu, montou o formato da cerimônia e seus descendentes fundaram as três escolas – 表千家(omotesenke), 裏千家(urasenke) e 武者故事・千家(mushakoji-senke) – todas permanecem em atividade até os dias atuais. 

Observar a cultura do chá é essencial para entender a cultura do omotenashi, tão presente no dia a dia do japonês, em que a hospitalidade conduz camadas das relações interpessoais. Além disso, o consumo massivo das bebidas e do matcha, inseridos, inclusive, em receitas culinárias, tornaram-se espelhos de como a comida e cultura andam juntas. E aí, vamos aprender sobre os tipos de chás mais consumidos do Japão?

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