Nesta semana falaremos de mais um item muito conhecido no Japão: o inuhariko (犬張子). Ao visitar lojas de souvenires próximos de santuários, muitos japoneses e turistas provavelmente já viram um cachorrinho, feito de papel marchê e com variedades de cores e estilos. Assim como o conhecido Daruma, objeto explorado no texto da semana passada, este item é considerado um amuleto tradicional e que se crê afastar o mal e trazer saúde ou proteção para os bebês. Além disso, para as futuras mamães, o item pode proporcionar um parto seguro.
Oriundo da região de Chuubu, especialmente do Santuário Atsuta Jingu, na cidade de Nagoya, província de Aichi, o amuleto era considerado apenas um acessório dado a quem visitava o lugar. O item também se tornou popular na Era Edo (1603 a 1868) como um brinquedo na mesma região. Mas por que um cachorro se transformou num amuleto que protege mães e bebês?
Acredita-se, que os cães são seres honestos, e nunca esquecem a bondade do seu dono, além de afastarem os maus espíritos. Outras características atribuídas à espécie é de que dão à luz facilmente, são saudáveis e crescem bem. Por isso, no Período Heian (794 a 1185), estátuas de cães guardiões foram colocadas nos Seiryoden (residência oficial do imperador), por exemplo.
Já, ao final da Era Meiji (1868 a 1912), transformou-se em presente para crianças recém-nascidas, quando elas visitavam santuários e cumprimentavam seus parentes. Assim, seu propósito de proteção aos bebês se consolidou e a primeira visita de um bebê ao santuário, nos dias de hoje, acontece aproximadamente um mês após o nascimento. Tradicionalmente, a ida ao santuário deve ser feita no 31º dia após o nascimento para os meninos e no 30º dia para as meninas. No entanto, normalmente a família leva o recém-nascido cerca de 1 a 3 meses após o nascimento, dependendo da condição física da mãe e do bebê. Esse mesmo item é dedicado ao santuário, assim que a criança atinge a idade de 3 anos, fazendo o elo com a conhecida data comemorativa chamada Shichigosan (七五三), evento tradicional que celebra o crescimento saudável das crianças em momentos decisivos da infância: aos três, cinco e sete anos.
Desta forma, podemos observar que o Japão traz práticas e crenças bastante entrelaçadas e desempenham um papel de expressão cultural forte e robusta, ressignificando práticas e símbolos ao longo da história. Vamos aprender a pedir um bom crescimento à nova geração?
