No Brasil, o primeiro Tooro Nagashi celebrado no Brasil aconteceu em 1955, em Registro, No Vale do Ribeira, poucos anos após um viajante japonês de passagem pela região ter caído e se afogado no Rio Ribeira de Iguape ao tentar lavar o rosto de manhã. A pedido da família dele no Japão, Emyo Ishimoto, monge da Nichiren Shu (uma das doutrinas do Budismo), recém-chegado ao país com sua esposa Myoho, procurou em Registro o senhor Bunzo Kasuga, na época um dos poucos adeptos de Nichiren Shu na cidade, e juntos realizaram a cerimônia em homenagem ao viajante.
Inicialmente, foram soltos sete tooros, com os sete caracteres que compõem a recitação sagrada “Na-Mu-Myo-Ho-Ren-Ge-Kyo”, um em cada barquinho, expressando agradecimento à energia do universo. Anos depois, o monge Emyo Ishimoto e Bunzo Kasuga conseguiram a doação de um terreno da Prefeitura de Registro e ali ergueram um monumento em homenagem às vítimas de afogamento. É nesse local, na margem do Rio Ribeira de Iguape, à Rua Miguel Aby Azar, área central da cidade, que até hoje acontece a cerimônia religiosa do Tooro Nagashi.
A celebração cresceu ano após ano. Ao ser estruturada, a Associação Cultural Nipo Brasileira de Registro – Bunkyo passou a participar ativamente da organização do evento e hoje é a entidade que lidera a sua realização. Inicialmente restrita aos mortos no rio, a homenagem se estendeu também às vítimas de acidentes na rodovia BR116, que passa sobre o Ribeira em Registro, e já há alguns anos os tooros coloridos levam os nomes de todos os falecidos que os participantes queiram reverenciar, independentemente de como tenham morrido. Todos recebem homenagens e orações.
O Tooro Nagashi de Registro se transformou em um grande ato ecumênico. Integra em harmonia adeptos de diferentes religiões e filosofias, que juntos homenageiam os mortos e transmitem mensagens de paz. Atualmente, ao lado da Nichiren Shu do Brasil, as cerimônias religiosas reúnem representantes do Templo Budista Honpa Hongwanji de Registro, das igrejas Católica e Episcopal, da Seicho-No-Ie, da Igreja Messiânica e das organizações Omoto Kyo (religião japonesa com raízes no Xintoísmo) e Sokagakkai (associação religiosa que segue os ensinamentos de Nichiren).
Até hoje, ao som de tambores japoneses (taiko), monja Myoho Ishimoto, a viúva do monge Emyo, é quem reza pela purificação das águas do Ribeira de Iguape, a beira do rio no final da tarde de 2 de novembro. É também monja Myoho, monja do Templo Nichiren Shu Emyoji, quem ao anoitecer do dia 2 comanda a cerimônia inter-religiosa para as almas dos antepassados, que culmina com a soltura dos tooros.
Os barquinhos são colocados um a um no rio, que reflete suas lanternas coloridas e acaba coberto por um extenso caminho de luzes levadas pelo vento. O Tooro Nagashi de Registro integra os calendários oficiais de eventos turísticos do Município e do Estado de São Paulo.