Hyogo Kenjinkai: Cerimônia relembra vítimas do terremoto de Kobe de 1995

No Japão, desastre é conhecido como Grande Terremoto de Hanshin-Awaji

Cerca de 30 pessoas, membros do Brasil Hyogo Kenjinkai (associação presidida por Marli Hitomi Matsushita) e pessoas afetadas pelo terremoto de Kobe de 1995, em Hyogo, Japão, participaram de uma cerimônia budista pelos 30 anos do desastre. O monge brasileiro Bruno Shouei (do templo Takuen, localizado na área de imigração japonesa de Iguazú, Paraguai), leu o canto de sutra enquanto os presentes ofereciam incenso no Templo Busshinji, em São Paulo, na manhã desta sexta-feira.

Após a cerimônia, a presidente Matsushita falou aos participantes, lembrando: “Aqui estão pessoas que estavam em locais afetados pelo terremoto e outras que perderam familiares. Logo após o desastre, o Hyogo Kenjinkai fez uma campanha de arrecadação e enviou US$ 150 mil para o governo da província, transmitindo nossos sentimentos”. Ela também mencionou que os nomes das pessoas que contribuíram com doações ainda estão gravados em uma placa na Associação Nipo-Brasileira em Kobe.

Quando questionado sobre o motivo de realizar a cerimônia, Matsushita explicou: “Desde aquele momento, não havíamos realizado muitas cerimônias. Como este é um marco de 30 anos, sugeri que fizéssemos uma, e concordaram”.

Mitsuo Karakida, de 59 anos, natural de Tóquio e residente em São Paulo, que trabalhava em uma seguradora na cidade de Kobe durante o terremoto, relembrou: “Ainda estou com forte impressão daquele momento. Como é o 30º aniversário, decidi participar da cerimônia”. Ele também compartilhou que, nas duas semanas após o terremoto, todas as estradas principais estavam bloqueadas, e teve que ir de bicicleta por 20 km entre sua casa em Amagasaki e o trabalho em Kobe. “Não havia trens e as ruas principais estavam fechadas. Eu procurava ruas secundárias para pedalar, e via casas totalmente destruídas, com os andares inferiores esmagados. Lembro-me dessa sensação indescritível até hoje, como se fosse ontem.”

Foto com participantes após a cerimônia

Edison Naoto Kaneko, de 58 anos, da segundo geração e administrador do perfil do Instagram “Achados da Liberdade”, sobre o bairro de São Paulo, estava em Osaka, na época, trabalhando como dekassegui. “Lembro-me de sentir um grande tremor antes das 6 horas da manhã. Achei que o prédio em que estava fosse desabar. Naquele tempo, não havia celulares, e eu me preocupei com minha família no Brasil. Entrei na fila do cabine de telefone público, mas demorou muito para conseguir uma linha”, disse.

Akira Kishimoto, de 84 anos, natural de Itami e membro da associação, também compartilhou sua experiência: “Naquele dia, vi nas notícias o trem da linha Hankyu virar perto da estação de Itami, que ficava perto de casa. Meu pai se refugiou em um ginásio, e quando fui vê-lo um mês depois, percebi a força do terremoto, pois todos os móveis estavam espalhados pelo chão do apartamento”.

Kazuko Abe, de 69 anos, segunda geração, que foi estudar na Universidade Kwansei Gakuin em 1979, também relembrou: “Quando vi as notícias sobre o terremoto, me preocupei com as pessoas que me ajudaram durante meu intercâmbio. Tentei ligar, mas no início não consegui”.

O monge budista brasileiro Bruno, que treinou por nove anos no templo Sōji, principal templo da escola Soto do Zen Budismo, disse: “No Japão, cerimônias como esta são realizadas nos templos principais. Foi uma experiência única poder realizá-la aqui em São Paulo”, fazendo reverência.

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