O Jornal Nippon Já publica aqui os haicais enviados pelos leitores. Haicai é um tipo de poema que se originou no Japão. Seu maior expoente é Matsuo Bashô (1644-1694). O haicai caracteriza-se por descrever, de forma breve e objetiva, aspectos da natureza (inclusive a humana) ligados à passagem das estações. Hoje, no mundo inteiro, pessoas de todas as idades e formações escrevem haicais em suas línguas, atestando a universalidade dessa forma de expressão.
A seleção é feita pelos haicaístas Edson Iura e Francisco Handa.
Escreva até três haicais de cada tema sugerido (o tema deverá constar do haicai), identificando-os com seu nome (mesmo quando preferir usar pseudônimo), endereço e RG. Cada pessoa pode participar com apenas uma identidade.
Os trabalhos devem ser enviados exclusivamente para o e-mail ashiguti@uol.com.br, com o assunto: “Haicai Brasileiro”.
TEMAS DE FEVEREIRO
Alfeneiro – Pintado – Noite de Verão
Noite de verão –
Recolho os copos deixados
em cima das mesas.
Antônio Seixas
Magé, RJ
Janela aberta –
árvore do alfeneiro
outra vez florida.
Benedita Azevedo
Magé, RJ
noite de verão
as conversas se estendem
madrugada adentro
Carlos Viegas
Brasília, DF
Noite em Piracicaba
Boa pedida do turista
Pintado na brasa
Clara Sznifer
Santos, SP
Pintados se escondem
sob as malhas de aguapés –
Olha um bem ali…
Cyro Mascarenhas
Brasília, DF
Viagem de férias –
Na plaquinha do cardápio,
pintado grelhado.
Fabiana Lessa
Nova Iguaçu, RJ
Madrugada em claro –
A fragrância do alfeneiro
me faz companhia
George Goldberg
Londres, Inglaterra
Sombra do alfeneiro
A velha vó ainda lembra
Do primeiro beijo
Hércio Afonso de Almeida
Brasília, DF
ah, paranazão!
o pintado chega à mesa
assado na brasa
José Marins
Curitiba, PR
barzinho lotado
apesar da pandemia –
noite de verão
Madô Martins
Santos, SP
Noite de verão
Passar na sorveteria
antes da balada!
Marina Rehfeld
Belo Horizonte, MG
Noite de verão
vi luar muito lindo
da minha janela.
Mário Azevedo Alexandre
São Vicente, SP
De longe reluz
a barriga do pintado
recém-capturado.
Matusalém Dias de Moura
Iúna, ES
Noite de verão –
No reencontro inesperado,
o mesmo perfume…
Mônica Monnerat
Santos, SP
Tripas de galinha,
Para a pesca de pintados,
Ensina o avô.
Reneu Berni
Goiânia, GO
alfeneiro em flor:
o zumbido dos insetos
só aumenta
Rose Mendes
Ilhabela, SP
Na rua deserta
sigo o rastro do perfume –
Alfeneiro em flor
Taís Curi
Santos, SP
Noite de verão –
Um homem faz serenata
para quem não o quer.
Zekan Fernandes
São Paulo, SP
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Temas de março (postar até 10 de fevereiro)
Outono – Amendoim – Periquito
Temas de abril (postar até 10 de março)
Nevoeiro – Árvore-do-viajante – Dia do Índio
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Árvore-do-viajante (tema para abril)
Edson Iura
Originária de Madagáscar, país do qual é símbolo, e da mesma família da estrelítzia (ave-do-paraíso), sendo ainda parente distante da bananeira, não é uma árvore, mas sim uma planta herbácea, apesar de atingir oito metros ou mais de altura. Muito usada em paisagismo, suas flores brancas se abrem no outono. Deve ser cultivada sob sol pleno, embora não suporte os ventos fortes de locais abertos, que rasgam suas folhas. Há duas tradições que cercam a origem de seu nome: a mais famosa é a de que a água acumulada em suas bainhas ajuda a refrescar os viajantes. Entretanto, esse líquido normalmente está contaminado por detritos orgânicos, desafiando a sede dos que o buscam. A outra tradição sustenta que suas folhas se abrem num leque estendido na direção leste-oeste, ao modo de uma bússola grosseira, o que não pode ser sempre comprovado.
Enquanto me escoro
nesta árvore-do-viajante,
o vento de outono.
Shinzan Saitô