Gastos milionários com funeral de Shinzo Abe dividem japoneses

Marcado para o dia 27 de setembro, o funeral do ex-primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe, assassinado a tiros em julho, tem despertado um debate acalorado por parte de analistas e dividido a opinião pública. Tudo por conta dos gastos milionários envolvendo a cerimônia.

O governo anunciou que o funeral custará aos cofres públicos cerca de 1,6 bilhão de ienes (aproximadamente 12 milhões de dólares). Dentre os serviços a serem realizados estão despesas com a segurança e a logística de rececpção para cerca de 190 representantes de outros países, incluindo cerca de 50 chefes de Estado.

Logo após a morte de Abe, em 08 de julho, o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, anunciou a intenção de organizar cerimónias fúnebres de Estado. Entretanto, tal homenagem a um antigo primeiro-ministro é rara no Japão desde o período pós-guerra.

Apesar da longevidade recorde de Shinzo Abe no poder (2006-2007 e 2012-2020) e da intensa atividade internacional, o político colecionou algumas controvérsias no Japão, com mandatos marcados por denúncias sobre questões políticas e financeiras. De acordo com uma sondagem publicada pelo diário conservador Yomiuri, 56% da amostra eram contra o funeral.

Os motivos para terem uma opinião contrária ao funeral é o financiamento com dinheiro público. Há, ainda, os que são contra por acreditarem que levará a população a glorificar Shinzo Abe, uma figura controversa da direita nacionalista japonesa.

Por outro lado, o primeiro-ministro Fumio Kishida justificou o ato público atribuindo as realizações locais e internacionais de Abe, o primeiro-ministro mais longevo do país.

Polêmicas à parte, o funeral está confirmado para acontecer no Nippon Budokan de Tóquio, local utilizado para shows musicais e eventos esportivos, mas que também recebeu o último funeral de Estado japonês, em 1967, do também então primeiro-ministro Shigeru Yoshida.