Família Imperial usará (enfim) as redes sociais para divulgar infos e fatos relevantes

Conhecida pela discrição e poucas informações sobre o seu cotidiano, a Família Imperial do Japão deve dar as caras nas redes sociais em breve. A Agência da Casa Imperial confirmou que está estudando os formatos e conteúdos a serem disponbilizados, incluindo um pedido de orçamento para estruturar uma equipe digital para a produção de posts.

A alegação para abrir as redes é, oficialmente, de que informações erradas são divulgadas por meio de reportagens semanais de revistas e mídias sociais. Para evitar tais erros na visão da Agência, os dados corretos constarão nas redes da Família Imperial.

Atualmente, a única fonte oficial das notícias alusivas aos membros da realeza é o site. Sugestões externas de que a agência deveria repassar diretamente informações corretas ao público levaram ao plano de utilizar as mídias sociais. Os estudos agora devem decidir se a plataforma será o Twitter, Instagram ou alguma outra, lembrando que as duas primeiras são muito populares entre os japoneses.

Por outro lado, especialistas mostram diferentes visões sobre o uso proposto das mídias sociais para enviar informações sobre a Família Imperial do Japão.

Alguns acham que o uso das redes sociais deve fortalecer a capacidade da Família Imperial de divulgar informações, enquanto outros expressam preocupações com possíveis críticas em relação ao conteúdo a ser postado.

Naotaka Kimizuka, professor de história política e diplomática britânica na Universidade Kanto Gakuin, em Yokohama, é um defensor de longa data do uso de rede social pela Família Imperial. Para ele, a única grande família real do mundo que ainda não está nas redes sociais é a japonesa. “A Agência da Casa Imperial concentrou-se apenas em sua página na web e negligenciou divulgar informações ativamente. É tarde demais, mas é bom começar”, destaca ele.

O educador citou a família real britânica como exemplo, após intensificar a atividade de relações públicas à medida que seu apoio público diminuiu, especialmente depois que a princesa Diana morreu após um acidente de carro em 1997. O uso do Twitter, Facebook e Instagram “ajudou os jovens a se interessarem pela família real e os britânicos a entenderam corretamente”, disse Kimizuka.

“A maior vantagem de usar as mídias sociais é proporcionar às pessoas um senso de afinidade”, disse ele, alegando que o interesse do povo japonês pela Família Imperial é baixo.

Ele instou a Agência da Casa Imperial a fazer mais esforços de relações públicas para ajudar a aprofundar a compreensão da Família Imperial. “Todas as atividades da Família Imperial são cobertas pelo dinheiro do contribuinte, e as pessoas poderiam se interessar mais”, acrescentou.

Em outubro do ano passado, Yasuhiko Nishimura, admin da Agência da Casa Imperial, disse que planeja estudar como as informações devem ser fornecidas de acordo com a mudança dos tempos. Temas sensíveis, como o casamento da então princesa Mako com um plebeu, geraram forte engajamento e comentários agressivos, o que preocupou a Agência.

“A Agência da Casa Imperial parece estar lutando para atender às necessidades das pessoas em um momento em que seus valores estão se diversificando”, diz o professor de história da mídia da Universidade Seijo, em Tóquio, Yohei Mori, sobre a decisão da agência de considerar o uso de mídia social.

“A interatividade (das mídias sociais) pode manchar a imagem da Família Imperial”, alertou Mori, dizendo que a agência pode enfrentar grandes dificuldades no começo. Mori constata ainda que o uso de redes sociais requer maneiras diferentes de pensar sobre o uso de canais informações digitais.