
Real Akiba Boyz uniu o conceito de músicas de animês e dança freestyle; primeiro evento no País acontece no dia 18 de março
Unir as músicas de animês com danças e performances. Tal combinação pode parecer improvável à primeira vista, mas ganhou popularidade ao longo dos últimos anos em um estilo próprio, o “Anisong Dance”, criado pelo grupo japonês Real Akiba Boyz (RAB). E chega por aqui, no Brasil, pela primeira vez de forma oficial, com um evento próprio em março que promete dar tração e popularizar o “movimento” por aqui.
Com grandes expectativas e ansiosos para a realização do evento, os integrantes do RAB (Maron, Zomayaka Janai!, Keitan e Ness) contaram, com exclusividade ao Nippon Já, sobre os primórdios do estilo – que surgiu de forma descontraída em um encontro dos amigos para um passeio no bairro de Akihabara, conhecido pela moda urbana e diversidade de estilos em Tóquio.




O RAB começou com cinco b-boys (dançarinos do estilo break) que se conheceram nos treinos e eventos de street dance, por compartilharem da mesma paixão. Em 2007, tiveram a ideia de fundir as duas coisas que eles mais gostavam: dança e animê. Com a crescente popularidade do grupo, eles desejam realizar um show só de dança no Nippon Budokan, realizar turnê mundial, tornar o grupo eterno e se transformar em animê.
“Acho que de uma forma simplificada (para definir o Anisong Dance) é a combinação de duas coisas que a gente ama, dança e animê”, respondeu Ness. “É uma ferramenta poderosa para nos comunicarmos com diferentes pessoas, porque fica fácil nos darmos bem um com outro, tendo duas coisas em comum. Ainda por cima, tanto o animê quanto a dança ultrapassam a barreira da diferença de idiomas. Acredito que essa diversidade é o maior potencial do Anisong Dance. As regras são um pouco menos rigorosas comparadas ao breaking convencional também, as batalhas de Anisong Dance são mais receptivas para coisas inusitadas”, argumentou Ness.
O figurino também tem toda uma concepção. Maron explica que a camisa xadrez e a calça jeans cintura alta vêm do dorama “Densha Otoko” (2005), e a bandana na cabeça é influência dos animês dos anos 90. A combinação deu tão certo que o RAB explodiu no Japão e logo ganhou projeção internacional.
A partir de 2010, o grupo tem participado de inúmeros eventos internacionais relacionados a cultura pop japonesa, como o YouTube Fan Fest 2022 Singapore, e sentido a reação do público. Eles comentam que de modo geral, as pessoas do exterior são mais receptivas e calorosas, e acreditam que no Brasil será ainda mais animado.
Viver a cultura otaku – O RAB, se apresentando em diversos países, diz que vivenciou que de fato a cultura otaku ultrapassa as barreiras do idioma. “Quando ficamos exaltados com alguma cena ou música de animê, fazemos as mesmas expressões corporais, independentemente da nacionalidade”, comentou Keitan reproduzindo essas expressões corporais, batendo palma, apontando o dedo e gritando. “Considerando isso, acho que a cultura otaku é uma cultura para difundir para o mundo inteiro, é um desperdício permanecer só no Japão”, completa. Ness também acrescenta que nas suas atividades como RAB, viu provas de que “a lógica de que kawaii pode tudo e de que ikemen (homem bonito) é tratado como deus, é internacional”. Quando o grupo já estava determinado em promover o Anisong Dance e a cultura otaku em geral para o mundo a fora, recebeu o convite da Fundação Japão em São Paulo (FJSP) para a parceria. Foi o timing perfeito.
O Brasil como um país com diversidade étnica, apresenta uma mistura de cultura que às vezes resulta em costumes e práticas distintos dos de origem, como por exemplo os pratos de comida que os ingredientes foram adaptados com os que são mais acessíveis no Brasil. Com o Anisong Dance pode não ser diferente, até porque os Anisongs são originalmente em japonês e possivelmente nem todos os dançarinos brasileiros entenderão a letra. Mas até essa transformação é bem-vinda, segundo o RAB.
“Acredito que não se limitando só ao Anisong Dance, street dance também sofreu adaptações em cada país”, comentou Zoma, citando como exemplo que essas diferenças são perceptíveis em uma batalha, e que no Japão foi adotado um estilo mais cool.
Ness também ressalta que “não tem nenhuma restrição ou regra que deve cumprir para uma dança ser chamada de Anisong Dance”. “Porque o próprio Anisong já é muito diverso, tem bastante variação de estilo, desde músicas kawaii, músicas meio perturbadoras e até músicas com conotação pervertida. Estou animado em ver como representarão cada estilo”, completa.
“Desde que tenha amor, qualquer transformação é válida”, cometa Maron, que sonha em ver um estilo de dança consolidar para o Anisong, partindo do histórico de que sempre surgiram os estilos de dança a partir de um estilo de música.
Ser promotor de Anisong Dance no Brasil – Para encerrar a entrevista, Ness mandou uma mensagem para os participantes do “1º Concurso de Anime Song Dance no Brasil”, representando o RAB. “O Anisong Dance é uma ferramenta capaz de unir nós do Japão e vocês do Brasil, que estamos em lados opostos do planeta Terra. Contamos com a sua participação para que juntos possamos promover e progredir o Anisong Dance, independentemente da nossa nacionalidade”.
O “1º Concurso de Anime Song Dance no Brasil” é uma realização da a Fundação Japão em São Paulo (FJSP), com o apoio da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social (Bunkyo), Comissão de Jovens do Bunkyo, Identidade Hip Hop, K.Ö. Entertainment e Curso NihonGO.
Saiba mais sobre o evento na matéria anteriormente publicada, clicando aqui.