O cantor nipo-brasileiro Kauan Okamoto, que surpreendeu o Japão após expor abusos sexuais sofridos por parte de seu então empresário Johnny Kitagawa – fundador da principal agência artística nipônica, a Johnny & Associates Inc – compartilhou seus sentimentos em relação ao pedido de desculpas feito pela empresa às vítimas de abuso sexual. Segundo ele, o pedido deixou-o um pouco “tranquilo”. No entanto, Okamoto enfatizou que as “cicatrizes” causadas pelo abuso não cicatrizarão rapidamente e pediu que a empresa continue a apoiar as vítimas durante o processo legal.
O cantor expressou sua surpresa com a decisão da agência de manter seu nome inalterado, apesar do escândalo que envolveu seu fundador, Johnny Kitagawa. Okamoto comentou: “Acho que será bastante negativo manter o nome Johnny’s”.
A agência anunciou na quinta-feira que sua sobrinha Julie Keiko Fujishima deixou o cargo de presidente e reconheceu que Johnny Kitagawa abusou sexualmente de aspirantes a cantores adolescentes ao longo de décadas. Fujishima, por sua vez, afirmou que permanecerá como diretora representativa “para cumprir minha responsabilidade de proporcionar reparação às vítimas”.
Noriyuki Higashiyama, uma personalidade veterana da TV há muito representada pela agência e que assumiu como presidente, defendeu a decisão de manter o nome Johnny’s, argumentando que ele representa “a energia e o orgulho que os talentos cultivaram ao longo dos anos”, em vez de representar o falecido fundador.
Kauan Okamoto tornou público seu caso em uma conferência de imprensa realizada em abril, revelando que tinha sido vítima de abuso por parte de Johnny Kitagawa em 15 a 20 ocasiões, entre 2012 e 2016, quando ainda era membro da agência. Na época, Okamoto fazia parte do Johnny’s Jr., um grupo de talentos masculinos em treinamento que ainda não havia estreado em grupo ou solo.
Johnny Kitagawa foi uma figura reverenciada na indústria do entretenimento japonesa, impulsionando diversos grupos, como SMAP, Arashi e Hey! Say! JUMP, para o estrelato antes de seu falecimento em 2019. A revelação das acusações de abuso sexual abalou profundamente a indústria e levou a Johnny & Associates Inc. a tomar medidas para lidar com as consequências do escândalo.