A origem do Tokyo Idol Festival, o maior evento de idols do Japão – Parte III

Criador do Tif, produtor Seita Kadosawa, conta curiosidades sobre a parte financeira do evento.

As atrações convidadas puderam gerar um lucro com venda de produtos. E a organização do evento, só tinha o ingresso como fonte de renda?

Basicamente, sim. Ah, também tínhamos a transmissão por CS².

Gostaria de saber mais a respeito. O Tif é um evento organizado por uma emissora de televisão, então não faria sentido realizá-lo se não tivesse benefício para transmissão, o qual é o negócio principal. Quais foram os benefícios nesse sentido?

Nós transmitimos o evento no nosso canal CS, acho que era CS Fuji TV One na época… Aumentar o número de assinantes desse canal era uma vantagem, obviamente. Mas isso também não servia como um indicador visível, e não era como a Netflix de agora, por exemplo, que o número de assinantes cresce abruptamente.

Entendo, isso foi antes da popularização dos serviços por assinaturas. Mas não seria interessante para a emissora se lançassem uma propaganda, tipo “somente no canal CS da Fuji Television que você pode assistir ao Tif, o único festival de idols do mundo! Assine agora!”?

Na verdade, tínhamos mesmo que fazer esse tipo de propaganda. Mas eu particularmente não queria chamar muito atenção…

Por que não?

Porque a Fuji Television é uma organização corporativa. No final das contas, uma empresa sempre é instruída a “ganhar dinheiro”, sempre. Ainda mais se tratando de um evento sem nenhum histórico. Mas quando o propósito maior vira “ganhar dinheiro”, você deixa de fazer o que realmente quer fazer. Por exemplo, “aumente mais o preço do ingresso”, “diminua o espaço do evento”, “precisamos mesmo desse efeito especial no palco?”, “também não precisamos de banda”, “a princípio, será mesmo que precisamos fazer um evento tão longo?”… Como uma organização comercial, é natural tentar reduzir o máximo possível de custos. Mas eu mesmo não sou muito a favor do comercialismo.

Não quero ser grosseiro, mas acho que você não é bom em negócios (risos).

Acho que não mesmo (risos). É por isso que eu não usei a expressão “período de guerras” dentro do Tif. Isso foi um cuidado especial que tive.

Por que não usou essa expressão?

Pense bem como foi o “período de guerras”. Em um mundo turbulento, a imagem que tem é a de que só você vence matando todos os outros. Só acabando com os outros para conseguir que a sua nação chegue ao topo. Isso de maneira alguma é um mundo onde todos podem ser felizes. Por isso, o que está associado à expressão “período de guerras de idols” é o ego dos adultos que forçam os jovens a competirem entre eles. É um estado lamentável, em que eles são provocadas pelo comercialismo a “nunca perder, não importa o que aconteça” e “sempre buscar o topo nem que tenha que pisotear os outros”.

De fato, pode haver aspectos desse tipo.

Em contrapartida, o espírito do Tif era apresentar a ideia de que “todos os jovens têm um lugar onde possa brilhar”. E por isso nunca rejeitamos ninguém que quisesse participar. É claro que também não podíamos deixar que alguém totalmente desconhecido se apresentasse no palco principal, mas desde aquela época já usamos a palavra “diversidade”. Até porque a própria cultura de idols representa a diversidade. Então desde 2012, começamos a receber grupos da franquia AKB também.

Apresentação do grupo AKB48 no Tif 2022

O primeiro grupo foi SKE48, certo? Acho que esse foi outro ponto de virada. O conceito inicial do Tif era dar oportunidades para grupos que ainda não fossem tão famosos como AKB48. Então, alguns fãs tiveram uma reação alérgica quando começou a ter a participação de grandes grupos.

Assumo terem opiniões como essas também. Mas como um evento que promove a diversidade, seria estranho se não déssemos espaços para grandes grupos, só por eles já serem famosos. Até mesmo a Hello! Project convidamos desde o começo. Elas só nunca puderam porque coincide com a data do HelloCon que acontece todos os anos no Nakano Sunplaza.

(Continua para a Parte IV)

Traduzido da Natalie.mu, texto original de Mamoru Onoda.


² CS ou Card Sharing, é uma técnica que consiste em compartilhar o cartão do receptor das operadoras de televisão a cabo entre vários usuários utilizando a rede de computadores, em especial a internet.


Confira a baixo a continuação dessa série de matéria que conta a orgiem do Tokyo Idol Festival:

1. Como foi criada a ideia de Tokyo Idol Festival

2. Os bastidores do maior festival de idols do Japão: como foi o preparativo até a realização da primeira edição

3. O criador do evento, produtor Seita Kadosawa, revela verdades sobre a parte financeira do Tif

4. O verdadeiro motivo por Seita Kadosawa ter renunciado o cargo de produtor geral do Tif

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